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fiar n’elle, e que todo o patriota deve ter como um dever, o fazer a guerra por sua conta.

Feita esta proclamação, no momento em que de todos os lados se tocava á retirada, nós unicos marchavamos adiante, e Garibaldi com setecentos e cincoenta homens, fez um movimento offensivo contra o exercito austriaco.

Marchámos sobre Arona, apoderamos-nos de dois navios a vapôr, e de outras pequenas embarcações. Começámos o embarque, que durou até á noite, e no dia seguinte de madrugada chegámos a Luino.

Garibaldi estava doente, tinha uma febre intermitente contra os accessos da qual tentava em vão luctar.

Com um d’estes accessos, entrou na estalagem da Galinhola, casa isolada á entrada de Luino, e separada da vinha por um riacho, sobre o qual está lançada uma ponte. Mandou-me chamar e disse-me:

— Medici, necessito por força de duas horas de descanço, toma o meu logar, e vigia por nós.

A estalagem da Galinhola era mal escolhida para quem queria socegar, era a sentinella avançada de Luino, a primeira casa que devia ser atacada pelo inimigo, suppondo-o nas circumvisinhanças.

Nada sabiamos dos movimentos dos austriacos, ignorando se estavamos a dez legoas d’elles ou a um kilometro; comtudo disse a Garibaldi que dormisse tranquilamente, asseverando-lhe que tomaria todas as precauções para que o seu somno não soffresse interrupção. Feita esta promessa, sahi; as armas estavam ensarilhadas do outro lado da ponte, e a gente acampada entre ella e Luino.

Colloquei sentinellas á estalagem da Galinhola, e mandei uns lapões explorar as proximidades.

Passada meia hora, os meus vigias voltaram todos assustados gritando:

— Os austriacos! Os austriacos!