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BOOKER T. WASHINGTON

Nunca havia procurado fama. Realmente não me preoccupei com ella: sempre a considerei uma coisa de que nos devemos servir para fazer bem aos outros. Digo frequentemente aos meus amigos que, se consigo tornar util a reputação que por acaso obtenho, sou um sujeito feliz. Se a notoriedade e a riqueza não tivessem esse prestimo, nada valeriam.

Quanto mais me ponho em contacto com os ricos mais me convenço de que elles tendem a julgar a fortuna um instrumento que Deus lhes confiou para beneficiar os homens. Quando saio do escriptorio do sr. John D. Rockefeller, que muitas vezes tem sido generoso com a nossa escola, penso nisso. John Rockefeller investiga minuciosamente, quer saber o emprego exacto de todos os dollars que nos dá, e a indagação é seria demais, tão seria como se elle tratasse de collocar dinheiro numa empresa.

No dia 24 de Junho, ás nove horas da manhã, dirigi-me á Universidade Harvard e incorporei-me á comitiva que d’ahi seguiu para o theatro Sanders, onde ia effectuar-se a entrega dos diplomas. Collocámos-nos em fila, na dianteira o presidente Eliot e o governador do Massachusetts, em seguida o comité dos inspectores, depois os cidadãos convidados para receber titulos: o general Nelson A. Miles, o dr. Bell, inventor do telephone Bell, o bispo Vincent, o reverendo Minot J. Savage e varios ou-