Página:O Bandido do Rio das Mortes.pdf/27

Wikisource, a biblioteca livre

inimigo commum, não encontramos ninguem. Queira Deus que o mesmo não nos aconteça em Villa Rica.

     - Pois bem, - disse Gaspar, eu parto agora mesmo para Ouro Preto, que fica a mais de tres leguas de distancia; vou sondar os animos e ver se posso

obter ahi com o Padre Faria e Antonio Dias, que são paulistas, o que não pudemos arranjar em Sabará, Caethé e Itaverava.

     - Mas, porque ha de ir sozinho, patrão? O patrão bem sabe que nasci nestas serras e, posto que sahisse daqui pequenino, ainda me lembro de tudo isto palmo a palmo. Quero ir com o patrão.
     - Não é preciso, ltauby, eu tambem já por aqui andei e conheço bem estes sertões. Tu e Zamby levai nossa gente para o alto desse morro. Costeando pela esquerda ha caminho muito bom para lá subir...
     - Oh! bem estou me lembrando, patrão! Ha lá emcima uma extensa campina e uma grande lagôa, caça, pesca com fartura e muito palmito pelas beiras do morro. Lá ficaremos ás mil maravilhas.
     - Tanto melhor, Itauby. Desse ponto, tu com Zamby bem pódes encontrar, em tuas sabidas para caçar e procurar palmitos, alguma gente, alguns dos

teus parentes do matto que rodam por estas montanhas; procura angarial-os... Não preciso te dizer mais nada senão que é necessario muito cuidado para que nenhum da nossa gente deserte.

     - Não tenha susto, patrão; deixe tudo por nossa conta e se Deus nos ajudar, o patrão ha de achar mais alguem no nosso rancho.
     - A vosso respeito, meus amigos, eu vou com o coração bem socegado; mas não sei o que me succederá lá pelo Ouro Preto.
     - Oh! patrão; se acha que corre algum perigo, porque vai sozinho ? porque não vamos todos?
     - Perigo serio não ha contra a minha pessoa; os que lá governam são paulistas e meus conhecidos; mas tenho pouca esperança em seu auxilio.
     - Nesse caso, é melhor ficar comnosco ; vamos

procurar só gente do matto.

Digitized by

Google