Página:O Bandido do Rio das Mortes.pdf/26

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-zer, é nosso, que constitue nosso cabedal, nossa ventura e nossa paz, tínhamos necessariamente de ser victimas de alguma emboscada bem armada, ou de alguma traição.

     - Ah! meu branco! - exclamou o negro, erguendo o corpo musculoso e firmando-se na azagaia arrimada ao chão. Para que a gente ha de estar aqui

agora a scismar no que já se passou e a lastimar atôa a sorte da gente que lâ ficou nas mãos daquelles malditos? O que está feito, está feito. Uma vez que estamos aqui, vamos ver se ajuntamos gente. Estamos em Villa-Rica; sempre eu hei de encontrar algum malungo meu, que me queira acompanhar ...

     - E eu aposto, replicou vivamente o bugre, que, pelo menos uns vinte dos meus irmãos do matto, posso arranjar; e com mais vinte ou trinta pessoas

podemos bem avançar para S. João d'El-Rey, ficando por minha conta amarrar toda aquella corja de emboabas.

     - Não é tão facil como suppõem, meus amigos. Tenho grande confiança na amizade e dedicação de ambos, mas é preciso pensar ...
     - Pensar em que, Senhor Maurício, - falou com soffreguidão o indio.
     - Mauricio!... Não te lembras que não deves pronunciar esse nome!... não te esqueças, eu me chamo Gaspar e tu ltauby ...
     - E' verdade, patrão, tinha me esquecido.
     - E eu, todos me conhecem por Joaquim; mas agora se não me chamarem Zamby, eu não acudo.
     - E' preciso fazer-vos sempre esta advertencia.
     - Certo; mas daqui em diante não havemos de esquecer mais.
     - Pelas bandas de Sabará e Caethé nada pudemos conseguir; Nunes Vianna ali persegue os meus patrícios e os enxota como a feras do matto e foi-nos preciso fugir de lá, como fugimos de S..João d'El-Rey. Em Itaverava, onde eu esperava encontrar Amador Bueno, que de certo, nos prestaria auxilio contra o

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