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Mote.
Vè, que um raio d'esperança alonga a vida.
 
Soneto.
 

Que resta ao desgraçado a quem a sórte
Para longe desvia a sua amada ?..
Lamentos, uma vida amargurada,
Que a existencia encurta, e cauza a morte!

Mas quando a saudade, a dor mais forte,
Quasi, que ao infeliz já tem mirrada
A alma, que só anhela apaixonada,
Por que ás penas dè fim o extremo córte!

Então lá surge meiga, e tão fagueira
A esp'rança, que á vida amortecida,
Um novo alento dá, e lisongeira

Lhe faz ver a ventura mais querida,
E elle, que do sepulcro já na beira
Vê, que um raio d'esp'rança alonga vida!...