Página:Recordações d'uma colonial (memorias da preta Fernanda).pdf/16

Wikisource, a biblioteca livre
6
RECORDAÇÕES D'UMA COLONIAL


ferente ao ruido angustioso que se escapava pela porta desmantelada da cubata e leval-o-hia, investigador, a inteirar-se do drama que se desenrolava n'aquele mediocre teatro de capim.

E então, ante os seus olhos orrorisados prepassaria o vulto avantajado do siôr Antonio Nascimento, meu pae, que carinhosamente comprimia o labio polpudo da siôra Sofia, minha santa mãe, afim de atenuar os estridulos e cortantes Ai-ués, que retumbavam no espaço, acompanhados do vascolejante rebolar de quadris, em que aquela bondosa creatura era perita. Havia vinte e quatro oras que durava o calvario!

Pulso energico de preto Antonio começára já de abrir-se pela violencia do esforço produsido. Oh! mas o sofrimento tem limites. A calma sucede ao periodo agitado do sofrer, n'uma reação logica e necessaria e o silencio estabelece-se lugubre e inquietador.

De novo um ultimo sobresalto agita aquele corpo asevichado e oleoso (texto ilegível) se um derradeiro lamento e a seg(texto ilegível) minusculos vagidos revelam ao (texto ilegível) que eu acabava de nascer para t(texto ilegível) estrada da dor e da alegria.