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Recordações d'uma colonial
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Sessenta dias eram decorridos e a redusida civilisação que infestava o arquipelago exigia que eu tomasse uma de- nominação nos respetivos registos paroquiaes. Assim se cumpriu. Andrêsa foi o nome inscrito no bafiento caderno, onde promiscuamente se alberga a natalidade branca e negra do arquipelago.

Omologado, mais tarde, esse solene ato com danças e canções regionalistas, comecei desde logo a saborear a consideração publica, sendo passada de mão em mão pela scléta assemblea que se estasiava perante os meus encantos infantis.

E tanto quanto as minhas confusas remeniscencias d'esses tempos recuádos pódem elucidar o leitor amigo, direi que foi notada a minha elegancia natural e o fulgör do olhar, que ainda oje conserva o poder ipnotico que tantos estragos havia de faser pela vida fóra.

A minha infancia foi descuidósa e passou-se em brinquedos proprios da edade, de parceria com outros pretitos, na plantação de purgueira onde meu pae arrancava, vigorosamente, á terra o nosso sus-