Página:Turbilhão (Coelho Netto, 1919).djvu/167

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assaltar no Centro, quando a vissem entrar com uma senhora respeitável. Sentia-se superior com aquela glória de iniciadora e, sôfrega, bem que Dona Júlia não pudesse sair do passo vagaroso, apressava-a: "Que já era tarde. Podiam encontrar a sessão no meio". E a velha, de cabeça baixa, sondando o terreno com o guarda-chuva, lá ia.

— Mais devagar, Felícia; eu não vejo bem e a noite está tão escura. Não há um bonde para lá? Eu a pé não agüento.

— Há bonde, sim senhora: ali no largo.

— Sim, porque eu já não sei andar; depois com a falta de vista, está sempre me parecendo que vou cair num buraco. - De repente, como ia pensando na sessão, cochichou: Não vá aparecer por lá algum conhecido. Deus me livre que Paulo saiba que ando metida nessas coisas.

— Não tenha medo, minh'ama: eu conheço todo o mundo que vai lá.

No Largo da Lapa, diante dos tílburis estacionados junto à igreja, Dona Júlia teve um sobressalto, aconchegando-se à Felícia.

— Não vá um desses cavalos disparar, rapariga.

— Não tem perigo, minh'ama. Que medo de vosmecê. Vamos por aqui.

Mas um bonde partia, e a negra, esquecendo a senhora, precipitou-se, a correr, com o xale a espadanar, aos psius! A velha fez um esforço supremo e foi levando o