Página:Turbilhão (Coelho Netto, 1919).djvu/193

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— Agora não, minh'ama.

— Então, fica: eu vou só.

— Como é que minh'ama quer sair? Pois vosmecê não está vendo que ainda não acabou?

— Pois sim, mas eu não espero mais.

E, decidida, a pedir licença, foi-se esgueirando, apertadamente. Os crentes olhavam-na revoltados, murmurando. A negra, vendo-a sair, seguiu-a. O apóstolo foi-lhes ao encontro, muito afável. acompanhando-as ao corredor:

— Então já, minha senhora?

— Sim, senhor. Não posso demorar-me mais.

— A senhora vinha para uma consulta, devia ter experimentado. Mas volte amanhã, mais cedo. Eu faço uma sessão especial.

— Sim, senhor.

Não levantava os olhos molhados, caminhando direito à porta. como para fugir. Felícia seguia-a contrariada, meneando com a cabeça.

— Vou invocar um espírito forte, e talvez lhe possa dizer alguma coisa amanhã. Não deixe de vir.

Estendeu-lhe a mão, todo zumbrido, a sorrir.

— Sim, senhor. Até amanhã.

— Boa noite, minha senhora.

A grande sala da prece estava em penumbra e deserta. Felícia adiantou-se para guiar a viúva que procurava o corrimão da escada, quase em trevas.

— Devagarinho, minh'ama.

Desceram lentamente, caladas. Na rua, ao ar da noite fria, Dona Júlia respirou aliviada.