Página:Turbilhão (Coelho Netto, 1919).djvu/203

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o céu, muito azul, quando Mamede falou:

— Ó dengues, tira esses troços duma vez que eu ainda tenho que fazer, e é quase meio-dia.

— Já vou, - disse ela, deixando escapar um suspiro.

À mesa, os três conversaram alegremente, e Paulo, balançando a perna, encontrou um dos joelhos da mulata, e, durante todo o almoço, sentiu-o, afagou-o voluptuosamente. Refeito e esquecendo a avareza do velho Fábio, decidiu-se a tentar a sorte com o pouco que lhe restava e, distraindo-se, enquanto Ritinha retirava os pratos e a toalha e Mamede mudava a camisa, assobiando, pôs-se a imaginar uma grande sorte. uma repetição, e via os montes de fichas, ouvia-lhes o estrépito e acumulava cartões: Eram plenos sobre plenos, uma fortuna! Tirou do bolso o dinheiro que tinha e, folheando as notas por baixo da mesa, com cuidado de usurário, achou trinta e cinco mil-réis; guardou-os, pôs-se de pé, mas a mulatinha reteve-o com um sorriso.

— Já quer sair? Não toma café?

Mamede falou do quarto, em sobressalto:

— Espera um instante, nhozinho.

— Sim.

Ritinha encaminhou-se para o corredor e Paulo, vendo-lhe os quadris carnudos, que bambaleavam, adiantou-se em pontas de pés, as mãos estendidas; ela parou, como fascinada. Ele atirou-