Página:Turbilhão (Coelho Netto, 1919).djvu/206

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— Hein, Felícia?

— Senhora...

— Paulo... Quem sabe se aconteceu alguma coisa?!

— Qual o quê, minh'ama. Nhonhô é moço, ficou com algum companheiro.

— Não...

Apreensiva, deixou-se estar à porta do quarto, pensando.

— Homem não tem perigo, minh'ama.

Sem responder, a velha foi caminhando para a sala. Lembrava-se do desaparecimento de Violante. Que fatalidade era essa que assim lhe ia levando os filhos, um a um? Que grande crime teria ela cometido para que Deus a condenasse a tão duro castigo? Abriu com cuidado a porta do quarto do filho e espiou: a cama estava feita, com os lençóis muito esticados, alvejando. "Que teria acontecido, Deus do céu!" E entrou, com olhares pelos cantos, como se procurasse alguma coisa.

Aquela companhia do Mamede dava-lhe cuidado. Conhecia-o bem. No tempo do falecido volta e meia era um recado, um pedido: porque o mulato fora preso num barulho ou apanhado numa casa de jogo.

Duma feita, deixando um homem por morto, com uma navalhada, respondera a júri, sendo absolvido à força de empenhos, que até políticos haviam trabalhado por ele. E Paulo que o não deixava! Vão ver que andou por aí de pagode