Página:Turbilhão (Coelho Netto, 1919).djvu/252

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Na sala do bilhar havia mais gente e Messias voltava-se de quando em quando para espiar; por fim fez soar a campainha que retiniu longamente. De fora bradavam: "Já vamos!"

— É o Narciso, está no cognac, - disse Messias escolhendo uma bola.

Um dos ficheiros foi à lousa marcar o tempo da banca: 8 e 40. A roleta girava, macia e silenciosa. Paulo estendeu uma nota de cem mil-réis.

— Uma coleção.

— Tudo?

— Metade.

— Quer o troco em cartões?

— É indiferente.

— Para a terceira dúzia, não? Eu levo.

E o ficheiro, empilhando as fichas de madrepérola sobre cinco cartões, deixou-as à cabeceira da mesa. Aurélio, que calculava, levantou a cabeça:

— Vens jogar cá em cima?

— Sem dúvida. Sou fiel aos meus números.

— Deus queira que estejas com a sorte de ontem.

Junqueira e o deputado iam ladrilhando a cartões a segunda dúzia. O velho espalhava salteadamente, acompanhando um setor e o companheiro, muito atento, com o cigarro amolecido nos beiços, hesitante, passeava uma ficha de casa em casa, como se jogasse as damas.

Messias ia dar à bola quando um rapaz moreno, elegante, apareceu protestando contra a pressa. "