Página:Turbilhão (Coelho Netto, 1919).djvu/253

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Que, ao menos, lhe dessem tempo para fazer jogo. Que diabo! Limpassem-no, mas não com tanta ganância. Assim era demais."

— Sempre se espera pela pior figura, murmurou Messias.

— Quem sabe se eu havia de vir para aqui com os pés encharcados, sem tomar uma coisa? A culpa não é minha. Boa noite, meus senhores. E que cognac infame! Passem-me uma coleção. E a primeira bola? - e, espalhando montinhos de fichas, perguntava: Se haviam jogado durante o dia? Como se portara o zero? Quem ganhara?

O tapete estava coberto, mas o jogo crescia na terceira dúzia. Messias impeliu a roleta e a bola, atirada de resvalo, pôs-se a circular; foram depois saltinhos nas baias, aos estalidos. O deputado ainda aventurou dois cartões; o velho, a tremer, deixou umas fichas no 4. Houve um momento de contida atenção - todo o rumor cessara, posto que a bola ainda rolasse. De repente, a uma leve pancada, Messias anunciou:

"Jogo feito!" Aurélio fitou-o, Paulo ergueu-se na cadeira, à espera do número.

— 11.

E o rateau foi raspando fichas e cartões, numa confusão de cores, com um estralar de rocalha. Só o deputado levantou cinqüenta e dois cartões. Paulo insistiu nos seus números e Aurélio afirmou que vira o onze, vira-o, mas não jogava no pequeno.

— 3.

Narciso pôs-se a tossir e reclamou cognac. O número