Página:Turbilhão (Coelho Netto, 1919).djvu/290

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não me aborreçam.

Deixou-se cair em um dos divãs, em derreado abandono. Paulo contemplava-a. Parecia-lhe outra - não era a mesma Violante. Se perdera aquela graça leve e arisca da donzela, ganhara beleza mais empolgante, o olhar tornara-se mais quente, a boca mais sangüínea, as faces mais coradas: desabrochara soberba.

Se ela o fitava sentia-se acanhado, o sangue subia-lhe ao rosto incendiando-o.

— Senta-te.

— Não. Vim apenas ver-te.

— Já vais?

— Tenho que fazer.

— Onde estás trabalhando agora?

— Por aí. Topo a tudo.

— Deixaste a jornal?

— Ora! Dias depois da tua saída.

— Por quê?

— Histórias...

Estendeu-lhe a mão.

— Espera, homem. Que pressa! - Levantou-se e, a correr, com um crespo ondular de rendas, foi ao quarto e voltou, momentos depois, com um envelope. - Dá isto á mamãe e dize-lhe que não seja má, que me venha ver.

— E tu, por que não vais até lá?

— Quando?

— Quanto quiseres.

— Só à noite.