Página:Turbilhão (Coelho Netto, 1919).djvu/293

Wikisource, a biblioteca livre

— Por aí.

— Olha lá, Paulo...

Ele voltou-se arrebatadamente:

— Olha lá o quê, mamãe? Quem sabe se a senhora pensa que roubei?

— Não diga isto... Mas não quero que te sacrifiques por minha causa.

— Qual sacrifício! Fiz um bom negócio. Quando eu digo que a senhora não tem confiança em mim. Eu trabalho, mamãe, - afirmou com empáfia. - Entramos nos dias prósperos. Quer ver? Prepare-se para um choque. - E, tirando o envelope da bolsa, entregou-o. - Veja.

— Que é?

— Veja, insistiu.

Ela abriu, tirou a nota e, tomando-a em dois dedos, ficou a mirá-la.

— Duzentos mil-réis.

— Sim, senhora. Mas dou-lhe um doce se adivinhar de que mãos vem esse dinheiro.

— Do compadre.

— Pois sim.

Pôs-se a passear pela sala fumando.

— Adivinhe.

— Eu posso lá adivinhar.

— De Violante.

Ela estremeceu e, boquiaberta, os olhos escancelados, pálida, não teve uma palavra, não se arredou de junto da mesa, amparando-se, sentindo as pernas vergarem. Oscilava arquejando