Página:Turbilhão (Coelho Netto, 1919).djvu/34

Wikisource, a biblioteca livre

tomando na mesa uma espátula, com a qual se pôs a bater na pasta.

— Sente-se - disse em voz pausada e fanha. - Estou às suas ordens.

O estudante chegou-se à mesa trêmulo, esfregando as mãos e, depois de haver lançado um olhar ao contínuo, que se deixara ficar à porta, disse:

— Sou estudante de medicina, sr. doutor: Paulo Jove; trabalho no Equador. O que me traz aqui é o desaparecimento de minha irmã.

O delegado cruzou as pernas e, sem levantar os olhos, friamente, perguntou:

— Desapareceu?

— Sim, senhor; hoje.

— A que horas?

— Das onze e meia para a meia-noite. Em casa não viram e minha mãe só deu pelo fato muito tarde, quando a chamou.

— Foi só?

— Não sei, sr. doutor.

— Não é natural. - E, depois de uma pausa: Desconfia de alguém?

— Francamente. sr. doutor... - meneou com a cabeça negativamente e encolheu os ombros. - Com a minha vida pouco paro em casa. Minha mãe, sempre doente ou a cuidar do serviço, raramente aparece na sala. A criada falou em um soldado. - Deu d'ombros: - Mas não creio.

— Onde mora?

— Na Rua Senador Pompeu.