Página:Turbilhão (Coelho Netto, 1919).djvu/343

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Habituada a viver entre valentes, homens atrevidos que não recuavam diante de perigo algum, achava desprezível o seu novo amante.

Percebera-lhe a fraqueza, o medo, e aborreceu-a. Lá fora estava o homem destemido, o capoeira apontado por todos como um herói. As suas façanhas eram célebres, os próprios companheiros respeitavam-no e, pensando nele, sentiu-se atraída. Deu d'ombros e, levantando-se, abriu resolutamente a janela e debruçou-se. Mamede avistou-a; sorriu, um sorriso mau, de ameaça. Ela fez-lhe sinal, chamando-o.

O mulato atravessou a rua, carrancudo, gingando e parou diante da janela:

— Que é que você quer?

Ela abriu a porta.

— Entra. Vem ver. Você pensa que estou de pagode, não é? Vem ver.