— Que vais dizer ao Mamede?
— A verdade.
— Que ela fugiu de casa?
— Então?
Calou-se, pensativa. e tornou por fim, receosa:
— Não sei. Eu, por mim, não dizia. Mamede, com aquele vicio...
— Ora, vício. Mamãe há de ver.
— Enfim...
— A senhora pensa que a polícia é uma coisa e ela é outra. Olhe o Alves.
— Que Alves?
— Um colega meu. Um copeiro levou-lhe de casa todas as jóias da mãe e das irmãs e depois? O Alves fez tudo e, até hoje, não conseguiu da polícia outra resposta senão: "Que os agentes estão na pista do gatuno!" Vai já para um ano, e o Alves tem dinheiro para gastar. A senhora pensa que é só chegar lá e pedir? Pois sim! Vou arranjar-me com o Mamede. Se hei de gastar com um desconhecido, gasto com ele, que é amigo, e com mais probabilidade de êxito, porque Mamede pode ser tudo, mas estima-nos.
— Isso é verdade, concordou Dona Júlia, ajuntando: e tem obrigação. Seria um ingrato se não nos estimasse.
A palestra foi-se tornando calma entre mãe e filho, como se houvessem esquecido o desgosto. Dona Júlia chegou a notar que um dos punhos do