1802-1835
1802-1885
Um dia, celebrando o genio e a eterna vida,
Victor Hugo escreveu numa pagina forte
Estes nomes que vão galgando a eterna morte,
Isaias, a voz de bronze, alma sahida
Da coxa de David; Eschylo que a Orestes
E a Prometheu, que sofre as vinganças celestes
Deu a nota immortal que abala e persuade,
E transmitte o terror, como excita a piedade;
Homero, que cantou a colera potente
De Aquilles, e colheu as lagrimas troyanas
Para gloria maior da sua amada gente,
E com elle Virgilio e as graças virgilianas;
Juvenal que marcou com ferro em brasa o hombro
Dos tyrannos, e o velho e grave florentino,
Que mergulha no abysmo, e caminha no assombro,
Baixa humano ao inferno e regressa divino;
Logo após Calderon, e logo após Cervantes;
Voltaire, que mofava, e Rabelais que ria;
E, para coroar esses nomes vibrantes,
Shakespeare, que resume a universal poesia.
E agora que elle ahi vae, galgando a eterna morte,
Pega a Historia da penna e na pagina forte,
Para continuar a serie interrompida,
Escreve o nome d’elle, e dá-lhe a eterna vida.