A Condessa Vésper/XXV

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Jorge, o cocheiro de Gaspar, era um homem membrudo e de fisionomia áspera, tipo mais puxado a espanhol que a brasileiro.

Cabelos negros e crespos, achatados na testa pelo uso constante de um grosseiro chapéu de feltro, olhos escuros, cor de tabaco, barba espessa, fartas sobrancelhas arrepiadas, nariz grosso, afogado em sangue, dentes grandes e quadrados.

Cobria-lhe a pequena parte do rosto que não fora conquistada pela invasão brutal dos cabelos, um moreno quente, listroso, cheio de vida e de força. Tinha as mãos largas e resguardadas de músculos possantes, peito amplo e pescoço vigoroso.

Entretanto, por detrás daquela estatura gigantesca e de energia de seu todo, estava um coração brando e flexível.

Jorge era um bom homem. Gaspar tomara-o ultimamente a seu serviço, mas já o conhecia de longa data. O Médico Misterioso exercia sobre ele grande influência moral e votava-lhe amizade.

Quando, na noite do infeliz jantar, Ambrosina fugia por um lado da chácara, procurando abafar os passos para não ser percebida pelo marido, Jorge entrava pelo outro, com a precaução de quem deseja surpreender alguém.

Não se viram.

A moça ganhou a rua, e ele, seguindo as recomendações do amo, foi ter à janela da dispensa. Estava aberta, Jorge galgou-a, acendeu aí a sua lanterna furta-luz e, estendendo o pescoço, espiou para a sala de jantar, por cima da porta, pela qual justamente pouco antes fugira aquela.

O cocheiro não podia, donde estava, ver com quem altercava o doido, mas segundo o que lhe havia dito Gaspar, devia ser com Ambrosina.

A sala continuava quase às escuras.

No momento em que Leonardo ia lançar-se sobre Alfredo, Jorge abriu de improviso a porta da dispensa e avançou resolutamente para ele, com um revólver em uma das mãos e a lanterna furta-luz na outra. O doido voltou-se assustado, escondendo a faca nas costas.

— Dá-me já desse ferro! bradou-lhe o cocheiro.

Leonardo atirou humildemente a faca ao chão, e retraiu-se. Jorge apanhou-a, e perguntou-lhe asperamente se ainda tinha alguma arma consigo.

O doido meneou afirmativamente a cabeça e, refilando os dentes, apontou para estes.

— Dessa arma não tenha eu medo! rosnou o cocheiro; mas revistemos sempre as algibeiras...

E começou a apalpar as roupas de Leonardo.

— Não me faças cócegas! gritou este, torcendo-se todo, a rir.

E fugiu-lhe das mãos.

— Tratemos agora da menina! disse aquele.

Alfredo saíra, afinal do seu esconderijo. Jorge chegou-lhe a lanterna ao rosto, e olhou-o com surpresa.

— O quê?! Pois era o senhor que cá estava, seu Alfredo? Como diabo me afirmou o patrão que era a D. Ambrosina?...

Alfredo engoliu a última saliva, que o medo lhe havia gelado na garganta, e explicou a situação com a voz ainda trêmula.

Um rumor lá fora chamou nesse momento a atenção de Jorge.

— Com os diabos, que lá se nos vai o doido!

Leonardo, com efeito, enquanto os dois conversavam, galgara a janela da dispensa e fugira pelo jardim.

Foi nessa ocasião que ele seguiu para onde estava Ambrosina.

Alfredo e o cocheiro, depois de certificados de que Leonardo não se havia escondido na chácara, apagaram o gás, fecharam a casa pelo melhor que puderam, e seguiram para a rua.

Por onde diabo teria tomado aquele maldito? dizia e repetia Jorge, a olhar para todos os lados; até que percebeu Leonardo na ocasião em que este surgia junto à mulher.

Jorge correu para lá, e Leonardo, mal o bispou, abriu num carreirão pela estrada, a fugir.

— Fique com ela! bradou o cocheiro a Alfredo; que eu vou na pista daquele danado!

E lançou-se a perseguir o doido.

Dez minutos depois, voltava, coberto de suor.

— Escapou-nos! o demônio! Mas deixa estar que não as perdes, patife! O lugar dos doidos é no hospício!

E, voltando-se para Ambrosina, que recuperava os sentidos:

— Ora, em que bonito estado deixou esta pobre criatura! Peste de um maluco!

E, praguejando cada vez mais, o cocheiro amparou Ambrosina nos braços.

— Pobre senhora! Tem os pés que são uma lástima!...

Resolveu-se que iriam pernoitar em casa de Jorge. Ambrosina, por ser este o sítio mais perto, e Alfredo porque jurara aos seus deuses não largar àquela noite a companhia do cocheiro.

— Nada! que o doido podia encontrá-la ainda pela estrada!

Começou a chover.

Só meia hora depois, apareceu um carro e, depois de outra meia hora, chegavam os três à modesta habitação do cocheiro — uma casinha na Praia do Russell; porta e janela, pouca mobília, quartos acanhados.

Jorge era viúvo e tinha uma filha já moça, Laura, encanto da sua vida, e quem, nos arranjos da casa, ajudava a avozinha Benedita, mãe do cocheiro.

Apesar de pobre, a habitação era asseada e risonha. Tudo ali respirava paz.

A chegada do carro sobressaltou os tranqüilos moradores. Laura veio logo à porta saber o que havia. A casa não tinha corredor, e via-se, mesmo de fora, a salinha simples e guarnecida de velhos móveis.

— Ó Laura! gritou o cocheiro, apeando-se. Anda daí a ajudar D. Ambrosina, que aqui vem a cair de fadiga!

Ambrosina foi recolhida ao melhor lugar e à melhor cama que havia na casa.

Jorge rejubilava na satisfação de prestar aqueles socorros, e recomendava que nada faltasse aos hóspedes sem calcular o desgraçado o perigo que metia em casa, e desgraça que preparava para si e para os seus.

Alfredo, aborrecido com o estado das suas calças penetrou na sala do cocheiro.

Era uma salinha limpa e arejada pelo mar. Havia entre a porta e a janela uma velha cômoda, sobre a qual ao lado de um silencioso e caduco relógio de metal amarelo com redoma e peanha, se aprumava sombriamente um Napoleão de gesso, com o seu olhar de águia debaixo do chapéu à polichinelo, com as suas botas e o seu capote, com uma das mãos instaladas legendariamente no peito a outra segurando uma canudo, que queria dizer um óculo

Esse boneco de gesso, ali onde o viam, tivera uma agitadora influência sobre o obscuro destino de Laura. Aos domingos, quando Jorge reunia alguns amigos para jantar, era ele o objeto de calorosas discussões; havia sempre na roda algum cego entusiasta do famoso corso que sacudido um bocado pelo vinho Figueira do cocheiro divagava de orelha sobre as campanhas napoleônicas, comunicando o próprio entusiasmo aos companheiros, para os quais os fatos da vida de Bonaparte tomavam proporções sobrenaturais e divinas.

Laura cresceu e palpitou sob a influência dessas conversas e, sem conhecer a verdadeira história de Napoleão, deixou-se magnetizar pela cativante poesia da lenda.

Aos quinze anos, quando toda a donzela constrói o seu ideal de amor pelo que conhece de mais grandioso e de mais belo, ela formou o seu pela figura de gesso que ali, ao lado do inocente relógio, se deixara pintalgar pelas moscas desde o dia do casamento de Jorge.

A pobre sonhadora contava intimamente com a súbita aparição de um jovem militar, ardente e corajoso, que a tomasse da Praia do Russell e a sentasse no trono de França. Só depois de muito esperar em vão, foi que se desenganou e se decidiu aceitar, qualquer outro sujeito, que ao menos se parecesse fisicamente com o grande homem.

Quem mais estava no caso era o João Braga, por alcunha "O Vela de Sebo", em razão de sua farinhenta brancura e da sua figura grossa e curta. Um honesto padeiro, ainda moço, muito parecido efetivamente com o Napoleão de gesso.

Laura ficava horas esquecidas a olhar para o narigão aquilino do Vela de Sebo, para a sua testa desafrontada, para os seus olhos fundos e carrancudos, para a sua boca sem lábios, e para aquele enorme queixo, farto e redondo como um papo.

Ninguém atinava com a razão que levou a bela filha de Jorge, a "Flor do Russell", a gostar de semelhante criatura.

— Caprichos de mulher! explicava um dos amigos do cocheiro, e citava proverbialmente que "A mulher só não se casa com o carrapato, por não saber qual é o macho!"

O fato é que então Laura gostava bem do seu padeiro. Um dia ofereceu-lhe uma cigarreira de missangas, que bordara durante um mês inteiro, e esse trabalho foi muito apreciado no bairro. Alguém profetizou logo que ali estava uma menina de grande futuro.

— Dêem-lhe asas! Dêem-lhe asas! resumia o da teoria do carrapato; e verão depois o que sairá dali! Mas não será amarrada ao Vela de Sebo, que a Laurita há de ser algum dia alguma cousa!

Laura conhecia vários livros; romances quase todos. O pai às vezes lhe ouvia falar de cousas estranhas para ele, com um sorriso cheio de respeito e iluminado de amor. Quando ela dava na aula o D. João de Castro e dizia depois em casa a sua lição em voz alta e corrida, o pobre cocheiro extasiava-se, acompanhando com a fisionomia os menores gestos e movimentos da filha. E se alguém da sua roda precisava de uma carta de mais circunstâncias, ou de um desenho para certo bordado, ou de molde para um vestido de festa, não ia a mais ninguém; procurava Laura, e ela sempre resolvia a dificuldade.

O pai sentia por tudo isso um grande orgulho.

— Não! lá certeza de que dei à pequena uma educação de princesa, isso é que tenho! dizia ele e acrescentava: — A Laura até o francês sabe! Tragam-lhe aí qualquer livrinho em francês, e se ela não o destrinchar logo, aqui está quem dá as mãos à palmatória!

Do outro lado do relógio havia uma imagem de Nossa Senhora da Conceição, fundida em porcelana e pintada vistosamente de cores vivas.

Servia-lhe de peanha um globo representando o mundo, sobre o qual uma cobra se debatia debaixo de um dos pés da Virgem.

Nossa Senhora da Conceição era a padroeira daquela boa gente e, no dia que lhe conferiu o calendário cristão, nunca deixou ela de ter ali sua ladainha e a suas velas de cera. Vinha já de longe esse costume, a mãe de Jorge, em tempos de melhor fortuna, havia tido um rico oratório consagrado àquela Santa; esse oratório naufragou uma vez com o seu homem, que era embarcadiço, e desde então foi substituído pela modesta imagem de porcelana que, ao lado do sisudo relógio, fazia pendant com Bonaparte.

Já, na pequena sala de jantar fumegava lá dentro a ceia, que a avozinha acabava de retirar do fogo.

Jorge declarou que tinha o estômago no espinhaço e chamou os hóspedes para a mesa, mas Ambrosina pediu que a deixassem descansar, e Alfredo prometeu fazer-lhe companhia ao café, desde, porém, que tivesse tomado um banho que lhe arranjaram, e vestido um par de calças que lhe emprestara o serviçal dono da casa.

A narração que à sua família fez o cocheiro de tudo o que havia sucedido essa noite à desditosa Ambrosina, causou grande comoção. Laura, principalmente, se mostrou em extremo impressionada, e parecia disposta a proporcionar à interessante hóspede todos os serviços que dependessem do seu desvelo. O caso lhe fizera vibrar a fibra adormecida do seu temperamento romântico. A visionária sentiu-se empenhada na sorte dramática daquela mísera e formosa heroína de uns amores tão desgraçados.

Não se fartava de contemplá-la.

Ambrosina tinha febre. Haviam-na obrigado a mudar de roupa, friccionaram-lhe o corpo com aguardente envolveram-lhe os pés feridos em panos velhos de linho. E ela, de olhos fechados, com a respiração alterada, gemia de leve, no entorpecimento do seu estado.

A cama era larga, de casados; uma velha cama de madeira escura, alta do chão uns quatro palmos, e com imensa cabeceira guarnecida de maçanetas. A pálida enferma, meio envolvida nos lençóis, tinha uma postura dolente, a cabeça afogada na sombra macia dos cabelos, o colo oprimido e a garganta cheia de suspiros. Estava derreada sobre o lado do coração, o braço direito caía-lhe negligentemente ao comprido do corpo, e o outro se estendia para fora da cama, com a mão aberta na posição de pedir esmola.

Laura contemplava tudo isso, como se tivesse defronte dos olhos uma bela obra de arte Via atentamente a cor e a forma, parava, embevecida, a considerar os pequeninos detalhes, e teria ímpeto de reproduzir, na tela ou no barro, aquele modelo, se na sua pobre educação houvesse entrado a pintura ou a estatuária.

Depois de longo contemplar, não resistiu ao desejo de corrigir: Puxou mais para o ombro a cabeleira de Ambrosina, chamou-lhe o braço direito para o colo, endireitou as dobras da camisa e dos lençóis; e então afastou-se um pouco e mirou-a, cada vez mais embevecida, com os olhos apertados e a cabeça vergada, como uma artista que se revê na sua obra. Não se podia furtar à poética impressão que lhe causava a amante de Gabriel. Seu pai já lhe havia falado nela, mas da vida de Ambrosina, Laura só conhecia as exterioridades, que todavia nenhum valor teriam a seus olhos sem o concurso da paixão de Gabriel, que lhes dava um forte gosto de romance, ligeiramente apimentado pelo trágico elemento da sanha do marido louco. Ambrosina havia se imposto ao seu espírito e ao seu coração pelos mesmos processos que Bonaparte, com a diferença, porém, de que este tanto mais avultava quanto mais longe se perdia nas sombras do desconhecido, ao passo que a outra crescia agora de súbito com a sua aproximação.

Quantas vezes, depois de enervante leitura de algum livro sobre o legendário aventureiro, não ficava a pobre sonhadora tomada na sua obscuridade por um sentimento desconhecido e indefinível que a arrebatava para o mundo fantástico das glórias?... Nessas ocasiões, aproveitando o cair do sol, ia ela assentar-se à beira do mar, defronte da casa, com o livro esquecido entre os dedos.

Aí permanecia horas mortas, a olhar abstratamente para o segredo murmuroso das águas, alheia inteiramente a tudo que a cercava, e presa de um sofrimento ao mesmo tempo amargo e doce, que a fazia chorar.

Qual era a dor que se apoderava da mísera criança? Ela mesma não o sabia dizer. Sentia que o coração lhe soluçava, sentia que de dentro lhe partiam reclamos e aspirações desejava e queria, mas não podia dizer o quê! Em sua imaginação havia-se formado um mundo de quimeras, com uma existência de dores e prazeres ideais, mas tudo vaporoso, fugitivo, confuso como um sonho.

E Napoleão representava sempre o principal herói dos seus enlevos. Variavam as circunstâncias, variava o cenário, mas o vulto misterioso do Cativo de Santa Helena estava, embrulhado no seu capote de batalha, o ar profundamente frio, o gesto pavoroso, o olhar cheio de predestinações.

E, o que é mais estranho, Laura, no capricho dos seus arroubos, achava sempre meio de reunir e conciliar os personagens, os fatos e os lugares mais incongruentes e desencontrados.

Lera a "Graziela" de Lamartine, e o sentimento de tristeza que a arrebatou com semelhante leitura, bem longe de possuir a ingênua melancolia da procitana apaixonada, levou-a a edificar um dos castelos do seu mundo fantástico nos rochedos de Ischia. E aí mesmo, nesse castelo suspiroso e poético, o encapotado Cativo de Santa Helena penetrou despoticamente para tomar o melhor lugar.

Um dia, depois de reler aquela obra, Laura encostou-se à janela, olhando vagamente para as águas.

Um italiano, que para à rua com o seu realejo, principia a moer a "Marselhesa". A tarde precipitava-se no crepúsculo, e enchia a natureza de tons melancólicos e doloridos.

Laura conhecia algumas passagens da revolução francesa, narradas enfaticamente pelo autor de "Graziela", na "História dos Girondinhos". E aquela pobre música, arrancada de um realejo por um mendigo, foi o bastante para arrastá-la ao seu mundo fantástico. E então, sob o poderoso domínio do sentimentalismo retórico da Marselhesa, a infeliz caiu vítima de uma crise muito mais forte que as anteriores.

As lágrimas saltaram-lhe dos olhos e o coração lhe palpitou com veemência.

Teve uma terrível noite de febre e de ansiedade. O pai e a avó viram-se aflitos. O médico cobria-os de perguntas, e olhava atentamente para os olhos expressivos de Laura.

— Não é nada... dizia ele depois, em particular ao cocheiro.

E segredou-lhe alguma cousa ao ouvido.

— Não! não! respondeu Jorge. Isso foi logo que ela entrou nos quatorze anos... Hoje está com dezesseis.

— Ela tem algum namoro?...

— Qual!... Teve um, mas foi tolice de criança; passou!

— Entretanto, aquilo pode converter-se em seria... É preciso casá-la.

Desde esse dia, Jorge vivia preocupado com a idéia de casar a. filha. Mas não achava jeito de tocar-lhe no assunto.

Além disso, coitada! pensava o bom homem; a quem diabo iria ela escolher para marido?... A pobre rapariga só conhecia gente, que lhe podia encher as medidas!

Laura estava, com efeito, na crise fisiológica em que as aves cantam, e ter-se-ia dedicado exclusivamente a preparar o seu ninho, se, como dizia o pai no seu rude bom senso, houvesse por ali algum rapaz que lhe enchesse as medidas.

O vela de Sebo, apesar de toda a sua semelhança com Bonaparte, fora posto à margem, desde que ultimamente dera para emborrachar-se aos domingos. Laura, pois, não tinha a quem dedicar os gorjeios da sua puberdade. Seu canto de amor ficou sem resposta e transformou-se em gemidos, que foram cair aos pés de Ambrosina, como um tesouro sem dono.

Eis em que condições olhava, embevecida, a filha do cocheiro, para aquele formoso ser que permanecia prostrado sobre a cama.

No quarto reinava o silêncio triste das noites de chuva, só se ouvia a conversa monótona de Jorge, que na sala próxima tomava café com Alfredo, servidos pela velha Benedita.

Fez-se mais tarde, e Jorge, depois de cuidado o hóspede, disse aos seus que se recolhessem.

Teve-se de armar uma cama para Alfredo, na sala de visitas; Laura dormia ao lado de Ambrosina, no mesmo leito.

Daí a meia hora, estavam todos acomodados. Laura fechou as portas do quarto, soltou os cabelos e despiu-se. A amante de Gabriel continuava a dormir. A menina assentou-se perto dela, quedou-se a contemplá-la com um olhar profundamente meigo.

A espaços, leves suspiros entreabriam os lábios da adormecida.

Laura vergou-se sobre ela e deu-lhe um beijo.