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A Esperança Vol. I/A Abertura da Exposição Internacional

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Á abertura da Exposição Internacional
 

E's tu ainda, ó Porto, ó terra progressista,
Quem hoje venho achar coberto d'altivez,
Cercado como outr'ora, em dias de conquista,
Por válidas nações, rojadas a teus pés.

Da liberdade em prol, nos campos de Mavorte,
Teus filhos, n'outro tempo obraram feitos mil.
Mas hoje, do progresso á voz potente e forte,
O dorso teu ergueste altivo e senhoril.

No cume da montanha, aonde se levanta
Um templo, cujo nome é o nome d'um heroe,
Um illustrado Rei, abrasado em fé santa,
Foi dar principio á festa, inaugural-a foi.

Já hoje n'esse sitio, aonde outr'ora apenas
A custo vegetava alguma inculta flor,
Que brilhantes paineis, que variadas scenas
Off rece à nossa vista a festa do labor!

Mas esta exaltação, esta viva alegria,
Que vós imaginaes existir só aqui,
Reina tambem no ceu... tambem lá, n'este dia,
Os anjos cantam hymnos festivaes! Ouvi...

Córo dos anjos.

― Na fronte de Pedro Quinto
Jaz da alegria o reflexo,
Por que vê como o progresso
Avassalla Portugal!

E sobre a altiva montanha
Fita os olhos com espanto,
Onde como por encanto,
Surge um templo colossal! ―

Sombra de D. Pedro Quinto

― Eis, emfim, realisado
Um dos meus sonhos de gloria!
Teu nome, ó Porto, na historia
Eterna fama ha de ter!
P'ra vêr da industria o certame,
O pacifico torneio,
Que se ostenta no teu-seio
Ai! quizera inda viver!

Com que prazer abraçara
Os meus irmãos ― os artistas ―
Verdadeiros progressistas
Que ennobrecem o paiz!
Esses dous gigantes vultos [1]
(Não preciso nomeal-os)
Eu ja não posso abraçal-os...
Premeia os tu, D. Luiz,

18 de Setembro de 1865.

Augusto Queiroz.

  1. Alfredo Allen e Antonio Ferreira Braga