A Importância de Geraldo Lapenda para o Mundo Lingüístico
Durante muitos anos, fui integrante do DIÁRIO DE PERNAMBUCO, na condição de cronista esportivo ao lado de Viriato Rodrigues, então responsável pelas páginas esportivas do "Mais Antigo" da América Latina.
Ao passar para o DIÁRIO em 1953, fiquei até o término da FOLHA DA MANHÃ como responsável pela sua área de esportes amadores, sob o pseudônimo de Ricardo Azevedo, tendo para tanto o consentimento do então secretário do DP, Antônio Camelo.
Acontece que após o encerramento da atividade da FOLHA, eu continuava no Jornal Associado, porém ajudando Luiz Andrade (Ayala) no "pente fino" e Paulo do Couto Malta, na página social.
Pois bem, meu cumprade Lula Carlos, filho do grande Silvino Lopes, com quem tive ainda o privilégio de vê-lo no "batente" da FOLHA, convidou-me para colaborar no CORREIO DO POVO, de Edgard Bezerra Leite, sem prejuízo de minhas atividades no DIÁRIO DE PERNAMBUCO, sendo a minha colaboração na página esportiva e às vezes no suplemento literário.
Numa dessas oportunidades, publiquei uma reportagem de página inteira sobre o trabalho "Estrutura da Língua Iatê", de autoria do professor Geraldo Calábria Lapenda, ex-reitor da Universidade Federal de Pernambuco, considerado esse trabalho de Geraldo um marco no trajeto literário do País, tamanha a importância de profundidade alcançada no mundo lingüístico.
Agora que chega às minhas mãos o livro "GERALDO CALÁBRIA LAPENDA: MAIS DO QUE UM RÉQUIEM!", de autoria de Marcelo do Rêgo Barros Lapenda, filho de Geraldo Lapenda e de Clementina do Rêgo Barros Lapenda, meu afilhado de batismo e de minha esposa Isa, com muita satisfação, desperta-me a figura de Geraldo Lapenda, inegavelmente um ser humano do mais alto nível e uma das maiores culturas que conheci e de resto todo mundo conheceu.
Primo legítimo de minha esposa Isa, conheci Geraldo desde os tempos de Nazaré da Mata. "Bambino", como também era conhecido pelos seus familiares, era um "raio" de conhecimentos e capacidade. Seu desembaraço lingüístico deixava quem o ouvisse encantado e com vontade de ouvi-lo mais e mais. E nesse circuito de ouvinte fiz parte muito tempo, por conta da nossa convivência facilitada pela sua amizade que era também alicerçada pela família Rêgo Barros de sua esposa Clementina, pertencente ao mesmo Rêgo Barros de minha mãe, Maria Amélia, salientando ainda se tratar de irmã de Joaquim do Rêgo Barros, meu saudoso amigo Juquinha, esposo de Inês Rabelo, filha do renomado educador Dácio Rabelo.
O trabalho de Marcelo oferece em detalhes quem foi o saudoso Geraldo Lapenda, orgulho para os seus familiares e amigos, tamanha a sua grandeza, permitindo a quem tiver oportunidade de lê os seus textos, de conhecer uma figura contemporânea do maior valor intelectual, digna de ser seguida por qualquer ser humano. Eu mesmo, seu cumpadre, seu amigo, seu admirador, fiquei lamentando não ter tido oportunidade de continuar a aproveitar a sua convivência por mais tempo, tendo em vista a sua mudança do Rosarinho para Boa Viagem. Agora só me resta lamentar o tempo irrecuperável que perdi. É aquela história que sempre se repete: eu era feliz e não sabia.