A Luneta Mágica/I/XII

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Encontramos o Reis a porta do seu armazém. Entramos.

Faltavam dez minutos para a meia-noite.

— Vamos ter com o armênio, disse o Reis.

E passou adiante para dirigir-nos.

Nunca maldisse tanto da minha miopia física porque achava-me possuído da mais viva curiosidade, desejava e não me era dado ver o que se ia passar, e apenas posso hoje relatar o que o bom velho meu amigo, e o Reis também desde esse dia muito meu amigo, me contaram muitas vezes com todos os pormenores.

Avançamos por um longo corredor; o velho levava-me pela mão e a mão do velho estava enregelada e trêmula.

O Reis repetiu duas vezes:

— Isto não passa de uma comédia, que nos fará rir amanhã: a verdadeira magia está nas maravilhosas realidades das ciências físicas

Mas a voz do Reis estava um pouco alterada e como se o seu coração palpitasse forte, e apressadamente por nervosa agitação.

Chegamos ao fim do corredor, e o Reis levantava a mão para bater a uma porta que nos ficava ao lado esquerdo, quando esta imediatamente se abriu.

Os meus dois companheiros recuaram um passo; eu não recuei porque não vi coisa alguma.

— Como é bom não ver! disse uma voz Cavernosa.