A morte com seu sopro regelado
O bronze sagrado em longos gemidos
D′instante a instante s′escuta dobrar;
O sol não se mostra, o dia é escuro,
É dia de luto na terra e no mar.
(O dia de finados.)
A morte com seu sopro regelado
Um fanal apagou;
Sua luz que illuminava nossa patria
Em trevas a deixou!
Era um astro brilhante, um astro rei,
Do céo americano;
Á luz da intelligencia derramava
Com brilho soberano!
E na noite dos tumulos p′ra sempre
Seu brilho escureceu;
Noite de luto eterno p′ra o Brasil,
Que p′ra sempre o perdeu!..
Pranteemos aquelle em cujo peito
Batia um coração;
Cheio do santo amor da liberdade,
Tão contra a escravidão!
Athleta da nação! cuja vontade
Sabia dominar;
O orgulho estrangeiro que buscava
Nossa patria prostrar!
Alma cheia de vida e intelligencia,
Porque Deus te chamou?
Quando mais o Brasil te precisava,
Porque assim te apartou?...
De nós que tanta fé em ti depunhamos
P′ra o futuro gigante,
Da nossa cara patria a quem deixastes
Ainda tão infante!
E só resta ao Brasil carpirte sempre,
Sabio legislador!
Que buscavas sómente engrandecê-lo,
Torna-lo superior!
Tu eras nosso sol da liberdade
Que nos vivificava,
Tanta esperança comtigo se murchou
Que nos alimentava!
Descansa em eterna paz, alma sublime,
Lá junto á divindade;
Que em nossos corações ficará sempre
De ti viva saudade!