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Ao pé do monte Sião

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MOTE
Ao pé do monte Sião
Há um pé de Cajuru,
Onde limpava seu cu
O Almirante Balão.


GLOSA


I

Desprezou Matusalém
Duzentos anos de vida,
Por não ver na amante lida
O gosto, que o lamba tem.
O Juiz de Santarém
Quase estala de paixão;
Das montanhas do Japão
Ungi-lo veio o seu Cura,
Mas desceu-lhe a quebradura
Ao pé do Monte Sião.

II

Sem dar acordo de si
Na dura terra prostrado,
Acudiu-lhe o Deus vendado,
Com a funda de Davi.
Uns daqui, outros dali
Já chegam do Calundu;
Levado de Berzebu
Confirma o bom Juvenal,
Que na nossa Catedral
Há um pé de Cajuru.

III

Esta mentira tamanha
Que soou no Oriente,
Fez abortar de repente
A Imperatriz de Alemanha.
Veio a parteira de Espanha
Montada num baiacu:
Faz-se a guerra no Peru
Por se saber que Mavorte
Vende a gadanha da morte,
Onde limpava o seu cu.

IV

No Romano Capitório
Todas as tradições
Se dão a ler às Nações
Num grosso livro de fólio.
Sentado então no seu sólio
Sem ter alguma atenção,
Deu tremendo cachação,
No tempo dos três Filipes
Em sua filha Floripes
O Almirante Balão.