Boas noites coveiro: a tua enxada
Aspeto
Boas noites coveiro: a tua enxada
Não cessa ha tanto tempo de cavar?!
Cavalleiro da morte, ó fronte desolada
Não sentes a mão tremula e cançada
De tanto trabalhar!
Tu esperas hoje as legiões sombrias
De mortos, que eu supponho ao longe ver?
Os felizes caídos nas orgias
E os tristes que além todos os dias
O gelo vem colher?!
Que immensa valla aberta! são medonhos
Os risos d'essa boca infame, alvar!...
Descansa dos teus dias enfadonhos!
—Eu cavo a sepultura dos teus sonhos
Não posso descançar!