Calvario de Mulher/Imparcialidade

Wikisource, a biblioteca livre

Imparcialidade

No julgamento dos factos a justiça imparcializada e recta deve ser o fiel de uma balança de perfeita equidade. O homem que, protegido da força conferida pelos preceitos sociais, aparece n'este caso predispondo um encadeamento de adversidades , não era a seu turno mais que uma vitima d'esses graves defeitos de inconsciencia ancestral.

Crescêra n'um meio estreito.

O destino, a hostilidade de um lar sem mãe e o atavismo de temperamentos colericos, arremessára-o em tenra idade para a vida comercial. Aí vivêra em contactos brutais sujeito aos rigores de tracto que satura de revolta e azedume os caracteres. Aí onde prevalece a feição barbara do regulo dominando escravos, embotára-se a sua sensibilidade, amarfanhada no predominio da arrogancia brutal, que esmaga, que oprime aqueles que, eivados de tais sugestões, mais tarde oprimirão e esmagarão.

O homem criado entre estes contagios não conhece as vantagens da brandura de maneiras, da delicadeza de convivios superiores. Nas escolas, nas oficinas, no comercio, em todos os centros de trabalho ou instrução, não entra o programa da educação moral, que subtiliza o caracter, os costumes, as inclinações.

Em tais casos entra na vida familiar movido pela mais inferior das influencias, o materialismo. Esse materialismo é licenciado pelas concessões, integrado pela irreverencia de habitos. E' agravado pela corrente de maus exemplos que estabelecem uma anarquia em cada lar e uma parcela de exaltação social em cada individuo.

Vinculados de geração em geração, estes microbios de desordem, perpetuam a desarmonia na familia, o mau exemplo para os filhos, o definhamento da mulher resultante do descontentamento em que vive, somando um coeficiente de prejuizos de ordem publica e particular, uma inquisição que calcina tantos contingentes de bem estar na vida.