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138013Contos de Grimm — 55 – O Anão saltador ou RumpelstilzchenIrmãos Grimm
ra uma vez um moleiro que era muito pobre, mas que tinha uma filha muito linda. E então de certa feita ele tinha que ir falar com o rei, e para que ele parecesse ser uma pessoa importante, ele disse ao rei:
— Eu tenho uma filha que pode transformar palha em ouro. O rei disse ao moleiro:
— Essa é uma qualidade que me agrada muito, se a tua filha for tão inteligente como dizes, traga-a amanhã até o meu palácio, e faremos um teste com o poder dela.
E quando a garota estava diante dele, ele a levou até um cômodo que estava totalmente cheio de palhas, deu a ela uma máquina de fiar e uma bobina, e disse:
— Agora, vamos ao trabalho, e se por volta de amanhã de manhã você não tiver transformado esta palha em ouro durante a noite, você deverá morrer.
Em seguida, ele mesmo fechou a porta, e a deixou sozinha lá dentro. Então a filha do pobre moleiro ficou ali sentada, e durante todo o tempo ela não sabia o que fazer, ela não tinha nenhuma ideia de como a palha pudesse ser transformada em ouro, e cada vez ela ficava mais desolada ainda, até que enfim ela começou a chorar.
Mas de repente a porta se abriu, e um pequeno homenzinho entrou, e disse:
— Boa noite, Senhorita Miller, porque você está chorando tanto?
— Ai de mim, respondeu a garota, — eu tenho de transformar esta palha em ouro, e eu não sei como fazer isso.
— O que você me daria em troca, disse o anão, — se eu fizesse isso por você?
— O meu colar, disse a garota.
O pequeno homenzinho pegou o colar, sentou-se em frente da máquina de fiar, e, whirr, whirr, whirr, três vezes, e a bobina estava cheia; depois ele colocou mais uma bobina, e whirr, whirr, whirr, três voltas novamente, e a segunda bobina ficou cheia também. E assim foi indo até o amanhecer, quando toda a palha foi trabalhada, e todas as bobinas estavam cheias de ouro.
o romper do dia o rei já estava lá, e quando ele viu o ouro ele ficou atônito e satisfeito, mas o seu coração ficou ainda mais insaciável. Ele então levou a filha do moleiro para uma outra sala repleta de palhas, e que era muito maior, e mandou que ela passasse na máquina de fiar toda aquela palha numa única noite se ela tivesse algum amor na vida.
A garota não sabia o que fazer, e começou a chorar, quando a porta novamente se abriu, e um pequeno homenzinho apareceu, e disse:
— O que você me daria em troca se eu passasse toda essa palha pela máquina de fiar e a transformasse em ouro para você?
— Eu te daria o anel do meu dedo, respondeu a garota.
O pequeno homem pegou o anel, e começou novamente a girar a roda, e ao amanhecer ele havia transformado toda a palha em ouro reluzente.
O rei se regozijou além da medida diante do que viu, mas ele achava que não tinha ouro o suficiente, e ele levou a filha do moleiro para uma sala ainda maior cheia de palhas, e disse:
— Você deve fiar toda essa palha, durante uma noite inteira, e se você conseguir, você será a minha esposa.Ainda que ela fosse a filha de um pobre moleiro, pensou ele, — jamais encontrarei uma esposa mais rica em todo o mundo.
Quando a garota ficou sozinha, o anão apareceu novamente pela terceira vez, e disse:
— O que você me dará em troca se eu fiar toda a palha para você desta vez também?
— Não tenho nada que possa lhe dar, respondeu a garota.
— Então prometa para mim o seu primeiro filho, quando você se tornar rainha.
— Quem sabe se isso aconteceria um dia?, pensou a filha do moleiro, e não sabendo mais o que fazer diante deste sufoco, ela prometeu ao anão o que ele queria, e com isso ele mais uma vez transformou a palha em ouro.
E quando o rei chegou de manhã, e encontrou tudo que ele tinha desejado, ela a tomou em casamento, e a bela filha do moleiro tornou-se rainha.
Um ano depois, ela teve uma linda criança, e nunca mais voltou a pensar no anão. Mas, subitamente, ele entrou em seu quarto, e disse:
— Agora dê-me o que você me prometeu. A rainha ficou muito horrorizada, e ofereceu ao anão todas as riquezas do reino se ele deixasse a criança para ela. Mas o anão disse:
— Não, somente aquilo que vive tem mais valor para mim do que todos os tesouros do mundo. Então a rainha começou a chorar muito, de modo que o anão acabou ficando com dó dela.
— Eu lhe darei o prazo de três dias, disse ele, — se nesse período você descobrir como é o meu nome, então você ficará com a criança.
Então a rainha pensou a noite toda em todos os nomes que ela já tinha ouvido, e ela enviou um mensageiro para todo o país para perguntar, por todos os cantos, por todos os nomes que pudessem existir.
Quando o anão voltou no dia seguinte, ela começou com Gaspar, Melquior, Baltazar, e disse todos os nomes que ela conhecia, um após o outro, mas, para todos eles
o pequeno homenzinho dizia:
— Esse não é o meu nome. No segundo dia ela mandou perguntar por toda a vizinhança pelos nomes das pessoas que viviam lá, e ela repetia para o anão os nomes mais incomuns e curiosos. — Talvez o seu nome seja Uélio, ou Choquélio, ou Brucélio?, mas ele respondia sempre:
— Esse não é o meu nome.
o terceiro dia o mensageiro voltou novamente, e disse:
— Eu não consegui encontrar nenhum nome, mas quando eu cheguei perto de uma montanha alta no final da floresta, onde a raposa e a lebre dizem boa noite uma para outra, lá encontrei uma pequena casinha, e diante da casa havia uma fogueira que estava queimando, e em torno da fogueira havia um ridículo homenzinho que estava pulando: ele pulava com uma perna e gritava:
— Hoje como pão, amanhã como feijão.
Porque amanhã terei um filho de renome
Ah, estou feliz porque ninguem descobriu
Que Rumpelstiltskin, esse é o meu nome.
Você pode imaginar como a rainha ficou feliz quando ela ficou sabendo disso! E quando pouco depois o pequeno homenzinho entrou e perguntou,
— Agora, senhora rainha, qual é o meu nome?, finalmente ela disse:
— O seu nome é Conrado? Não. — O seu nome é Henrique?. Não.
— Talvez o seu nome seja Rumpelstilzchen?
— Foi o demônio quem lhe contou! Foi ele quem disse o meu nome! Gritou o pequeno homem, e de raiva ele mergulhou o seu pé direito tão fundo na terra que toda a sua perna entrou, e então cheio de ódio ele puxou a sua perna esquerda tão forte com ambas as mãos que se dividiu em dois.