Contos de Grimm/O pássaro emplumado
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O pássaro emplumado
[editar]![]() E então, ele saía correndo a passos largos, e a levava para uma floresta escura até a sua casa, que ficava no meio da mata. Tudo na casa era maravilhoso, ele dava a ela tudo o que ela possivelmente poderia desejar, e disse: "Minha querida, você certamente será feliz comigo, porque você tem tudo que o meu coração pode desejar." Isso durou alguns dias, e então ele disse: "Preciso viajar agora, por isso vou deixá-la sozinha durante algum tempo, aqui estão as chaves da casa, você pode ir para onde quiser, e olhar tudo o que quiser, com exceção de um cômodo, que esta chave pequena que está aqui abre, e lá eu te proíbo de ir sob pena de morte." Ele também lhe ofereceu um ovo e disse: "Guarde o ovo cuidadosamente para mim, e tenha-o sempre junto de você, porque um grande infortúnio acontecerá caso venha a perdê-lo." Ela pegou as chaves e o ovo, e prometeu obedecê-lo em tudo. Quando ele foi embora, ela andou por toda a casa, de alto a baixo, e examinou tudo. Os quartos brilhavam com tanta prata e ouro, e ela pensou que jamais tinha visto tão grande esplendor. Finalmente ela chegou diante da porta proibida, e desejou não entrar nela, mas a curiosidade não lhe dava sossego. Ela verificou a chave, que se parecia com qualquer outra, enfiou-a no buraco da fechadura e a girou um pouco, e a porta se abriu. Mas o que ela encontrou quando ela entrou dentro do quarto? Uma grande bacia com sangue estava no meio do cômodo, e dentro da bacia havia seres humanos, mortos e amontoados aos pedaços, e do lado havia um bloco de madeira, e um reluzente machado fincado na madeira. Ela ficou tão assustada que o ovo que ela segurava nas mãos caiu dentro da bacia. Ela tirou o ovo da bacia e removeu o sangue dele, mas inutilmente, o sangue voltava a aparecer dentro de instantes. Ela lavava e esfregava, mas não conseguia remover o sangue. Não demorou muito tempo e o homem voltou de sua viagem, e a primeira coisa que ele pediu de volta foi a chave e o ovo. Ela os devolveu a ele, mas ela tremia ao fazer isso, e ele então viu imediatamente, por causa das manchas vermelhas, que ela tinha estado na câmara sangrenta. "Como você entrou no quarto contra a minha vontade," disse ele, "você deverá voltar para ele contra a tua vontade." "A tua vida acabou." Ele a jogou no chão, e arrastou-a pelos cabelos até o quarto, cortou os cabelos dela sobre o bloco de madeira, e a cortou em pedaços de tal maneira que o sangue dela escorria pelo chão. Depois ele a jogou dentro da bacia junto com os demais. "Agora, irei buscar a segunda," disse o mágico, e novamente ele foi até a casa disfarçado de mendigo, e pediu uma esmola. Então, a segunda filha trouxe para ele um pedaço de pão, ele a agarrou como tinha feito com a primeira, simplesmente tocando-a, e a levou embora. Ela não se saiu melhor que a sua irmã. Ela tinha se deixado levar por curiosidade, abriu a porta da câmara sangrenta, olhou o que havia dentro, e teve de pagar por sua curiosidade com a própria vida quando o mágico voltou. Então, ele foi e trouxe a terceira irmã, porém, esta era inteligente e muito esperta. Quando ele entregou as chaves e o ovo para ela, e já tinha ido embora, ela primeiro com muito cuidado colocou o ovo de lado, e depois foi vistoriar a casa, e por último entrou no quarto proibido. Coitada dela, o que ela encontrou! Suas duas irmãs estavam ali dentro da bacia, cruelmente assassinadas, e reduzidas a pedaços. Mas ela começou a juntar os membros das irmãs e a colocá-los em ordem, cabeça, corpo, braços e pernas. E quando nada mais estava faltando os membros começaram a se mover e a se unir todos juntos, e as suas duas irmãs abriram os olhos e estavam vivas mais uma vez. Então, elas se regozijaram, beijaram, e faziam carinho uma nas outras. Quando ele voltou, o homem imediatamente pediu as chaves e o ovo, e como ele não conseguiu notar nenhum traço de sangue no ovo, ele disse: "Você foi aprovada no teste, e portanto, será a minha noiva." Ele agora não tinha nenhum poder sobre ela, e era obrigado a fazer qualquer coisa que ela quisesse. "Oh, muito bem," disse ela, "agora você deverá levar um cesto cheio de ouro para o meu pai e minha mãe, carregando tudo você mesmo nas próprias costas, e enquanto isso eu vou me preparar para o casamento. Então ela correu até onde estavam as suas irmãs, que ela as havia escondido num pequeno quarto, e disse: "Chegou a hora de poder salvar vocês. O infeliz deverá levá-las de volta para casa novamente, mas assim que vocês chegarem em casa, mandem ajuda para mim." Ela colocou as duas irmãs dentro do cesto e as cobriu totalmente com ouro, de maneira que nenhuma delas poderia ser vista, então, ela chamou o mágico e disse para ele: "Agora quero que leve este cesto daqui, mas eu ficarei olhando pela minha pequena janela, e ficarei observando se você parar no caminho para descansar." O mágico levantou o cesto nas costas e foi embora com ele, mas o cesto era tão pesado que ele começou a transpirar pela face. Então, ele se sentou e queria descansar um pouquinho, mas imediatamente uma das garotas dentro do cesto gritou: "Eu estou vendo tudo da minha pequena janela, e estou vendo que você está descansando. Será que você poderia continuar, por favor?" Ele achava que a sua noiva estava dando ordens para ele, e então se colocou sobre suas pernas novamente. Mais uma vez ele tentou descansar, mas imediatamente ela gritava: "Eu estou vendo tudo da minha pequena janela, e estou vendo que você está descansando. Será que você poderia continuar, por favor?" E sempre que ele parava, ela gritava esse refrão, e então ele era obrigado a seguir em frente, até que finalmente, resmungando e totalmente sem fôlego, ele chegou com o cesto cheio de ouro e as duas jovens na casa dos pais delas. Enquanto isso, em casa, a noiva preparava a festa de casamento, e mandou convites para os amigos do mágico. Então ela pegou uma caveira com os dentes arreganhados, colocou alguns enfeites em cima dela, e uma coroa de flores, subiu as escadas e a levou até a janela do sótão, e a deixou virada para o lado de fora. Quando tudo estava preparado, ela entrou dentro de um barril cheio de mel, e então rasgou o colchão de penas e se enrolou dentro dele, até que ela ficou parecendo como uma ave maravilhosa, e ninguém conseguiu reconhecê-la. Então ela saiu da casa, e durante o caminho encontrou alguns convidados da festa que perguntaram, "Ó, pássaro emplumado, como chegaste até aqui?" E no final ela encontrou o noivo, que estava voltando bem devagar. E ele, com os olhos, perguntou, "Ó, pássaro emplumado, como chegaste até aqui?" O noivo olhou para cima, viu a caveira toda enfeitada, e pensou que era a sua noiva, e acenou para ela, saudando-a cordialmente. Mas quando ele e seus convidados tinham todos entrado na casa, os irmãos e os parentes da noiva, que tinham sido chamados para resgatá-la, chegaram. Eles trancaram todas as portas da casa, para que ninguém conseguir escapar, e tocaram fogo nela, e o mágico e todos os seus amigos morreram queimados. ![]() Referências externas[editar]
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