Da Idade Média
Perto, as Curi-Muri. Aves mortas de sono,
Na água que ao céu azul os reflexos indaga,
Caravelas de Assombro, em cansado abandono,
Embalam-se ao cantar requebroso da vaga.
Grande, em Socotorá, pelo esplendor do entrono
De Lísia, fora a luta, - e o chuço e a lança e a adaga
Tudo fremiu... e o brônzeo estrondeante detono
De montanha em montanha ecoou, de fraga em fraga.
Amplas asas do Mal, dormem, rinzam-se as velas...
Mas os corcéis, em fúria, eis que Bóreas desata,
Solta em longo bufido, assombrando as estrelas...
Solta... e ao peso das naus que o largo sonho perde,
- Formidável Tritão – alça a cauda de prata
E, alto, o Mar espadana a cabeleira verde.
Novamente, espadana a verde cabeleira
Triunfalmente a tremer e ébrio raiva revolta,
E no louco rugir do rugido que solta
Vai-lhe o despedaçar da loucura primeira.
A procela se enfreia e à tenebrenta escolta...
Mas na salsugem salta a brocada madeira
Dos cascos; o velame é solto e à derradeira
Ânsia, a redomoinhar, são-lhe os mastros, em volta.
E a procela se enfreia e à dura escolta enfreia...
Amortece o fragor. Em temblado que entrista,
Há por longe o chorar de tristonha sereia...
- Rosa – desbrocha a luz às venturas e às mágoas,
E mais desbrocha, e mais... Conquistador, conquista,
Todo o orgulho de um sonho, aboiavam nas águas!