Depois da morte
Aspeto
Se a crua morte te arrancar um dia
Dos braços meus, ó pomba estremecida!
Irá no teu caixão a minha vida,
Do meu amor a doce melodia.
Quando sentires collada a terra fria
Sobre o gelado peito e comprimida
A nivea face que a beijar convida
E que continuamente beijaria;
Hasde ouvir minh'alma, suspirando,
Muito de manso, como um tenue alento,
No canto triste do nocturno bando.
Escuta, então, meu lugubre lamento...
No ceu, serena, a lua irá passando,
Por sobre a terra gemerá o vento.