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Diccionario Bibliographico Brazileiro/D. Angela do Amaral Rangel

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D. Angela do Amaral Rangel- A Ceguinha, como era geralmente chamada, nasceu na cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro por cerca do anno de 1725.

Cega de nascimento, e vivendo n'uma época em que ainda se não conhecia meio de dar-se uma instrucção litteraria aos infelizes privados da visão, dona Angela do Amaral, bem que dotada de bellos dotes physicos, bem que filha de uma familia abastada, não pôde receber de seus paes senão uma educação moral e religiosa. E mesmo assim conhecia a lingua castelhana como a lingua patria. E, cousa admiravel! sem educação litteraria, sem cabedal algum de instrucção necessaria ao cultivo da poesia, dona Angela do Amaral foi um genio; mas, como disse o autor do Anno biographico brazileiro, genio sem luz nos olhos. Foi um brilhante preciosissimo, más não lapidado. Nunca pudera ver o céo, nem os astros, nem o mar, nem as flores; nem apreciar o sol, nem as estreIlas, e pobre mulher, nem o rosto de um homem, e ainda assim foi poetisa! E, mais admiravel ainda, improvisava com grande facilidade!

De suas composições se conhecem:

- Dous romances lyricos, escriptos em castelhano - por occasião da festa litteraria celebrada em 1752, por uma reunião de litteratos, com o titulo de Academia dos Selectos, para exaltar com elogios o governador Gomes Freire de Andrade. Se acham nos Jubilos da America, ou collecção de taes elogios, publicados em Lisboa em 1754, pags. 273, 275 e seguintes, e um delles vem transcripto no Florilegio da poesia brazileira, no appendice ao 3º volume.

- Dous sonetos, pela mesma occasião - insertos nos citados Jubilos da America, pags. 271 e 272; um delles tambem transcripto no Florilegio.

- Diversas poesias ineditas - Estas poesias, deixadás por mãos estranhas, estão sem duvida perdidas. Ellas não têm o merito que certamente teriam, si dona Angelo pudesse ter qualquer instrucção; mas denotam seu talento e estro natural.