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Dicionário de Cultura Básica/Espírito

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ESPÍRITO (alma, Espiritismo) → PsiquéInteligênciaBudismo

"Um dos maiores pecados do mundo
é diminuir a alegria dos outros"
(Chico Xavier)

Do latim spiritus, que significa "sopro" ou alma, a parte incorpórea do ser humano, que os materialistas identificam apenas com a inteligência e a imaginação, enquanto, para a doutrina espírita (ou qualquer outra forma de religiosidade), se trata de algo que transcende a natureza física, sobrevivendo à morte corporal. A crença na existência de "almas de outro mundo" e de sua comunicação conosco é bem remota, encontrando-se em quase todas as religiões. O termo grego metempsicose, literalmente, significa a "transmigração" da alma de um corpo para outro, a reencarnação do espírito, após a morte, num outro ser vivo, que pode ser humano, animal ou até vegetal. Tal crença está na base de várias religiões orientais, especialmente do Bramanismo, Hinduísmo e Budismo, que concebem o Karma como o elo de uma cadeia de vidas (sansara), sendo cada vida determinada pelas ações da pessoa na vida anterior. A crença religiosa na existência da alma separada do corpo estimula a ciência a investigar o poder que a mente humana tem de influenciar o mundo físico. As modernas disciplinas "noética" (lógica mental) e "neurociência" (estrutura do crânio) estudam as quase infinitas possibilidades da atividade cerebral.

Mas o Espiritismo, tal como o concebemos hoje, na cultura ocidental, remonta à segunda metade do séc. XIX, codificado por Allan Kardec (1804–1869). O estudioso francês, discípulo do pedagogo suíço J. H. Pestalozzi (Como Gertrudes ensina seus filhos, 1801), analisando os fenômenos mediûnicos das irmãs Fox (EUA,1843) e de outros magnetizadores que faziam girar e falar mesas, convenceu-se de que realmente eram as almas do outro mundo que se comunicavam com os vivos. Sua obra, O Livro dos Espíritos, publicada pela primeira vez em 1857, com estrondoso sucesso no mundo todo, fala da imortalidade da alma, da natureza dos Espíritos e de suas relações com os homens, das leis morais, da vida presente e da futura. O Brasil pode ser considerado a atual pátria do Espiritismo, existindo aqui o maior número de kardecistas do mundo todo. Sua feição é cristã e seu caráter evangélico, sendo o espiritismo brasileiro compromissado com as obras de assistência social e a confraternização da humanidade. O maior médium brasileiro foi o mineiro Chico Xavier (1910–2002), cuja leitura de cabeceira era a obra de Kardec, famoso por suas sessões mediúnicas em Uberaba e pela psicografia de mensagens de homens ilustres do passado.