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Ecos da minh'alma/O Snr. Francisco Moniz Barretto á auctora

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O SNR. FRANCISCO MONIZ BARRETTO Á AUCTORA

N'O ANNIVERSARIO DE SEU NATALICIO.



Mais terno canta o sabiá frautado;
Veste-se o prado de melhor matiz;
Mais dos regatos o cristal se aliza;
Mais dôce a briza seus amores diz.

Mais bella é a flor, e mais perfume exhala;
O céu mais falla a quem no Eterno crê;
Do ser creado pelo Ser Divino
Em tudo um hymno o pensamento lê.

Do sol no disco, que mais luz derrama,
Um nome á fama recommenda o céu;
Nome, que a noite, mais gentil, revéla
Em cada estrella, que lhe borda o véu.

«Adelia!» dizem os celestes hymnos,
Os dôces trinos do plumoso Orphêu;
D'aura murmura o perfumado bafo —
«Adelia!..» o Sapho um brado eterno deu.

Honra, bahianos, do Parnaso á rosa,
Que esta endeósa região christã!
Bardos! a hora da homenagem sôa:
Uma coròa — á nossa illustre irmã!

′N ella — eis cumprido o qu'eu predisse outr'ora,
Quando 1i aurora de sua idade a ouvi...
Lá—dos romeiros do Senhor—na estancia, [1]
Quanta fragrancia em seu poetar senti!

Fulge-lhe o estro, que a modestia esconde,
Quando responde ao portuguez Cantor: [2]

Quem não inveja, na linguagem sua,
A nossa lua a nos fallar de amor?!

Os lindos olhos de Angelina bella,
Nas phrases d’ella, inda mais lindos são...
É, para as almas, sua lyra rara
Magica vara d’immortal condão.

Lagrimas (texto ilegível) a sua arpa arranca,
De Pedra-branca lamentando o fim...
Gloria ao poéta, que tivera a sina —
De voz divina p’ra canta!-o assim!

Contra a britana prepotencia ousada,
O pléctro, irada, vem, por fim, brandir:
’N esse hymno, em prol de sua livre terra,
Clarim de guerra nos parece ouvir!

É o adêjo de seu genio immenso —
Queimado incenso, que se eleva a Deus:
Por Elle ungidos — os seus labios santos
Vertem, nos cantos, todo o mel dos ceus.

De poetisa á rescendente palma
Une a de um′alma, como poucas tem;

De mãe, d′esposa, em vivo amor accêsa,
De uma purêza dos vergeis do Edên.

Honra, bahianos, do Parnaso á rosa,
Que esta endeósa região christã!
Bardos! a hora da homenagem sôa:
Uma corôa — á nossa illustre irmã!


24 de Novembro de 1863.

Notas

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  1. No Bomfim.
  2. O Snr. João de Lemos