Ella a sorrir!
Dou-lhe a minha harpa d’amor
Pelo seu riso fervente.
J. G. Lobato Pires.
Eu vi-a florir
Sem ella sentir
Dos labios um riso
Com bafo mimoso
Qual Anjo fermoso
No seu paraiso
A sorrir!
Mostrava o marfim
De brilho sem fim
Na bôcca mimosa
Que maga sorria
E leda dizia
Com voz primorosa
Carmim!
Que riso do Ceu! —
Mas não — era seu
Que bem o senti:
Ninguem m’o contou
Só ella o mostrou
Dizendo-me a mi —
— Eu t’o dou!
Com doce transporte
Libei minha sorte
No riso offertado —
Fui logo a correr
Ás fadas dizer
Eu quero o meu fado
Saber —
E as fadas disseram
Fugi do sorrir
De mago condão
Qu’infiltra traição
E sabe mentir
Com doce expressão. —
As fadas mentiram
No seu predizer!
No riso offertado
Fui logo apressado
Seu prisma sorver
D’amor inspirado.
Esse riso
Tão donoso
Terno amor,
Com candor,
Só dizia —
Deixo as fadas
Mentirosas —
E no peito
Satisfeito
D’alegria —
Della o riso
Imprimindo
Vou sentindo
Seu ardor!