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Eu (Augusto dos Anjos, 1912)/Aza de Côrvo

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Aza de Côrvo


Aza de côrvos carniceiros, aza
De mau agouro que, nos doze mezes,
Cobre ás vezes o espaço e cobre ás vezes
O telhado de nossa propria casa...

Perseguido por todos os revezes,
É meu destino viver junto a essa aza,
Como a cinza que vive junto á braza,
Como os Goncourts, como os irmãos siamezes!

É com essa aza que eu faço este soneto
E a industria humana faz o panno preto
Que as familias de luto martyrisa.

É ainda com essa aza extraordinaria
Que a Morte — a costureira funeraria —
Coze para o homem a ultima camisa!