Eu (Augusto dos Anjos, 1912)/Idealisação da Humanidade Futura
Aspeto
Idealisação da
Humanidade Futura
Rugia nos meus centros cerebrais
A multidão dos seculos futuros
— Homens que a herança de impetos impuros
Tornára ethnicamente irracionaes! —
Não sei que livro, em lettras garrafaes,
Meus olhos liam! No humus dos monturos,
Realisavam-se os partos mais obscuros,
Dentre as genealogias animaes!
Como quem esmigálha protozoarios
Metti todos os dedos mercenarios
Na consciencia daquella multidão.
E, em vez de achar a luz que os Céus inflama,
Somente achei moléculas de lama
E a mosca alegre da putrefacção!