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Eu (Augusto dos Anjos, 1912)/O Lázaro da Patria

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O Lázaro da Patria


Filho pôdre de antigos Goytacazes,
Em qualquer parte onde a cabeça ponha,
Deixa circumferencias de peçonha,
Marcas oriundas de úlceras e anthrazes.

Todos os cynocéphalos vorazes
Cheiram seu corpo. A’ noite, quando sonha,
Sente no thorax a pressão medonha
Do bruto embate ferreo das tenazes.

Mostra aos montes e aos rigidos rochedos
A hedionda elephantiasis dos dedos.
Ha um cansaço no Cosmos.     Anoitece.

Riem as meretrizes no Casino,
E o Lázaro caminha em seu destino
Para um fim que elle mesmo desconhece!