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Fabulas de Narizinho/O lobo e o cordeiro

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O lobo e o cordeiro


Estava o cordeirinho a beber num corrego de aguas limpidas quando appareceu um lobo esfaimado, de horrendo aspecto.

— Que desaforo é esse de turbares a agua que venho beber? disse o monstro, arreganhando os dentes. Espera, que vou castigar a tua mácriação!...

O cordeirinho, tremulo de medo, respondeu com innocencia:

— Como posso turvar a agua que vaes beber se ella corre de ti para mim?

Era verdade aquillo e o lobo atrapalhou-se com a resposta. Mas não deu a perna a torcer:

— Além disso, inventou elle, sei que andaste a falar mal de mim, o anno passado.

— Como poderia dizer mal de ti o anno passado se nasci este anno?

Novamente confundido pela voz da innocencia, o lobo insistiu:

— Se não foste tu, foi teu irmão mais velho, o que dá no mesmo.

— Como poderia ser o meu irmão mais velho se sou filho unico?

O lobo, furioso, vendo que com razões claras não vencia o pobresinho, rematou a contenda com uma razão de lobo faminto:

— Pois se não foi teu irmão foi teu pae ou teu avô!

E — nhoc! — sangrou-o no pescoço.


Contra a força, amigos não ha argumentos...

Esta obra entrou em domínio público pela lei 9610 de 1998, Título III, Art. 41.


Caso seja uma obra publicada pela primeira vez entre 1929 e 1977 certamente não estará em domínio público nos Estados Unidos da América.