Flor da Mocidade

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Eu conheço a mais bella flôr;
És tu, rosa da mocidade,
Nascida, aberta para o amor.
Eu conheço a mais bella flôr.
Tem do céo a serena côr,
E o perfume da virgindade.
Eu conheço a mais bella flôr,
És tu, rosa da mocidade.

Vive ás vezes na solidão,
Coma filha da briza agreste.
Teme acaso indiscreta mão;
Vive ás vezes na solidão.
Poupa a raiva do furacão
Suas folhas de azul celeste.
Vive ás vezes na solidão,
Como filha da briza agreste.

Colhe-se antes que venha o mal,
Colhe-se antes que chegue o inverno;
Que a flôr morta já nada vai.
Colhe-se antes que venha o mal.
Quando a terra é mais jovial
Todo o bem nos parece eterno.
Colhe-se antes que venha o mal,
Colhe-se antes que chegue o inverno.

Notas do autor

Os poetas classicos francezes usavão muito esta forma a que chamavão triolet. Depois do longo desuso, alguns poetas d'este seculo resuscitárão o triolet, não desmerecendo dos antigos modelos. Não me consta que se haja tentado empregal-a em portuguez, nem talvez seja cousa que mereça trasladação. A fórma entretanto é graciosa e não encontra difficuldade na nossa lingua, creio eu.