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Guerra dos Mascates/I/XIII

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Arrastando os tamboretes, acercaram-se os convivas da mesa, ou tábua, como diriam João de Barros e Frei Luís de Sousa, com um de seus tão freqüentes galicismos.

Filipe Uchoa tomou o seu lugar do costume, à esquerda. de D. Lourença Cavalcanti; e passou logo a exercer o seu mister de trinchante, no que era de consumada perícia. Muitos lhe invejavam, mas nenhum ousava disputar-lhe o honroso mister, em que fazia as vezes do dono da casa, como o parente de seu especial afeto entre os homens, da mesma sorte que D. Lourença entre as damas.

— Senhores e parentes, assaltemos este castelo roqueiro que nos está afrontando. À brecha, Filipe Uchoa! Depois veremos o que se há de fazer ao Brum e às Cinco Pontas, que são os baluartes do governador.

Afincara o bacharel a faca do trincho no empadão de caça; e cortou para o tio uma naca formidável, servindo em seguida aos outros convivas, na proporção da valentia gastronômica de cada um, o que ele conhecia pela prática do ofício e experiência adquirida.

— Não tivesse ele outros baluartes senão esses, que não seria façanha rendê-lo com os fronteiros que temos, observara o Uchoa.

— E quais outros cuidais que ele tenha, senhor bacharel?

— É principal o ouro dos mascates, que. vai semeando a traição entre os naturais, de sorte a não se poder já contar com a fé do mais seguro.

— Se até ao Sr. Capitão-Mor João de Barros, nosso tio, se atreveram os pícaros a fazer-lhe um, tiro à queima-roupa, mas de mil cruzados, que doutra espécie de bala não entende nem quer saber a cáfila dos forasteiros, atalhou o Capitão André de Figueiredo.

— Já não tornam os tempos, em que davam os naturais exemplo de uma constância e heroísmo que não têm inveja aos mais decantados das antigas eras, exclamou com fervor o licenciado José de Holanda. Aqueles eram pernambucanos, e sabiam servir a pátria e a religião, que livres desamparavam a casa e a família para não se curvarem ao jugo de hereges, e cativos rejeitavam a liberdade, porque tinham em mais valia do que tão precioso dom, guardar a fé a seus senhores.

— Depois que a ralé da mascataria, mal pecado nosso, lastrou por esta terra, já ela não pode ser o que foi, o Pernambuco de nossos maiores; nem afogado como anda de más ervas e pragas, podem mais aí medrar as virtudes, que rebentavam outrora com tamanho viço.

A pouco e pouco foi caindo a prática, embargada da tarefa de destrinçar no prato as várias iguarias, mais agradável e avisada naquele momento do que a de razoar sobre cousas já tão discursadas.

Terminado o primeiro pasto, retiraram os pajens as iguarias que transportaram à casa de jantar, onde já estava posta a mesa para o restante da companhia. Entrou então a última coberta dos doces e conservas de açúcar para o dessert, como já se dizia nessa época à moda francesa, em vez de postre.

Veio o infalível manjar-branco; em seguida as castanhas de caju confeitas, as tortas de maturi e creme, as trouxas d'ovos tão decantadas pelo bom Filinto, as conservas de frutas e a deliciosa cocada em tigelinhas de cristal, tudo acompanhado de vinho Palhete e de Cândia.

No centro campeava uma pirâmide de prata lavrada, formando por andainas uma pinha de beliões de abóbora e batata, pucarinhas finas de geléias de araçá e pitanga, trebelhos ou flores de alfenim, e as saborosas queijadinhas, preparadas pelas mãos mimosas de D. Lourença para o velho capitão-mor, o qual lambia os beiços de gosto, depois que devorava uma boa dúzia delas.

Era nessa ocasião da sobremesa que. os principais dos parentes, conhecidos como os de melhor discurso e. conselho, ficavam sós entre si; porque o mais da assembléia acudia por sua vez à ceia, que já os estava esperando na casa de jantar, presidida por Álvaro Cavalcanti, o filho do capitão-mor, um desbragado que levava a vida a pautear, não cuidando senão de jogo, mulheres e comezainas.

Por isso achava-se mais a gosto ali em liberdade e fora das vistas do pai, do que no sofá, onde nada lhe interessava do que se tratava, e sentia-se tomado de uma como bebedeira de aborrecimento e sono.

Antes que se entre a tratar de negócios graves, aproveitemos a curta pausa para assentar os traços mais salientes do bacharel Filipe Uchoa, que teve parte mui proeminente nos sucessos daquele tempo.

A figura, serviria um furo abaixo, e com diferenças mínimas, o mesmo molde por onde se tirara o secretário do governador, o Capitão Barbosa de Lima. Por primeiro contraste logo se notava que neste a cabeça era sobre o largo, enquanto no outro se alongava direita; no que porventura alguém entendido na abstrusa ciência do homem verá um sintoma de que no bacharel dominava exclusivamente o prurido de subir-se ao mais alto, ao passo que no secretário a ambição não lhe tolhia as expansões generosas.

Afora essa particularidade, no mais era Filipe Uchoa o escorço de Barbosa de Lima, de modo que ver um, tanto valia como ter conhecido o outro em moço, antes que os anos bem surtidos lhe houvessem dado todo o corpo. Da mesma avantajada e pernalta estatura, com uma calva que no secretário chegara ao apogeu, e no bacharel se estreava tão prometedora como a sua entrada nos negócios; dotados da mesma abundância de gesto e mobilidade de compostura, bem podiase tomar estes dois nobres pernambucanos como o primeiro e segundo esboço lavrado em gesso para servir à fundição de um molde.

Nas maneiras, em que ambos primavam à lei de corteses, reparando-se bem, lá se lobrigava um cambiante. Assim, no secretário a afabilidade espraiava-se como as ondas de um manancial perene; no. bacharel, ao contrário, saía aos esguichos, quanto bastava para filtrar na vaidade alheia. Era sincero o primeiro, e obedecia ao impulso de sua natureza; ao passo que no segundo havia mais afetação do que índole.

Não perdoava Filipe Uchoa ao Barbosa de Lima o ter este conseguido granjear a confiança do governador e encartar-se no lugar tão cobiçado de secretário. Trabalhava pois, e com afinco, para derribá-lo do posto, e rendê-lo nele, trazendo D. Sebastião à boa causa, de que andava transviado. Se, porém, fosse preciso, para entrar nas graças do homem, algum arranjo com os mascates, salvo o direito de meter-lhe os pés a seu tempo, é mui de crer que não hesitasse o bacharel, como hábil político.

Nesse empenho, muito se valia da boa sombra que lhe davam o nome e fama do tio, o Capitão-Mor Cavalcanti; e para melhor o levar, não se esquecia de granjear a boa vontade de D. Lourença, em quem o velho principalmente empregava o seu afeto.

Era de ver como refinava galanterias no favonear as presunções da prima que se tinha na conta de uma Duquesa d'Alba, capaz de empunhar as rédeas do governo da capitania, se fosse necessário, para o que se julgava com mais letras e melhores bofes do que toda a parentela junta e refundida.

Para acabar o paralelo entre os dois competidores, falta ainda um traço. Era o secretário homem de engenho superior e filho de suas obras; donde vinha o não sentir inveja do mérito alheio. O bacharel, garfo de extensa parentela, tinha o talento preciso para manter-se na altura em que o plantara a fortuna, e desconfiado de que não podia subir além, cuidava que só abatendo os outros, conservaria a proeminência.

Ninguém se queixara jamais de um ato menos leal do secretário, embora não faltassem muitos a lançar-lhe a pecha de pendores e mobilidades nos alvitres, como modo de ver as cousas. Do bacharel nada se falava acerca de volubilidade, porque sempre esteve ele adstrito ao feudo da família e jungido ao carro da fortuna; mas a cópia que dá a crônica quanto ao refolho, é de tão insigne, que chegava ao ponto de enganar-se a si próprio.

Tocava ao termo o pospasto no sofá, como bem o indicava a postura do capitão-mor, já um tanto derreado sobre o espaldar do espreguiceiro, pelo qual. ia-lhe aos poucos resvalando o mal sustido corpo.

Aproveitou André de Figueiredo o ensejo da privança para tratar do assunto de ponderação, que o trazia preocupado desde o começo da noite.

— Meu tio e senhores parentes! Sabereis que tenho para propor à vossa prudência consumada, negócio de muita e grande monta.

E com estas palavras que a todos pôs de aviso, tirou o capitão do peito do gibão um rolo de manuscrito, que empunhou na destra à guisa de bastão de comando.

Não escapou esse meneio do primo a Filipe Uchoa, que era perito na arte de tirar pelo semblante as inquirições do que ia lá dentro. E todavia o gesto de Figueiredo não era senão um assomo, rijo porventura, de seu ânimo franco e resoluto.

Distraído, como parecia, a contemplar o topázio líquido de um cálix de Palhete que ia gostando aos goles, relanceou o bacharel por cima dos óculos um olhar oblíquo a uma e outra banda.

Esqueceu esse pormenor, como porventura outros que se irão pelo diante tirando a limpo. Trazia óculos o bacharel; andaço este, que a lermos por Montesquieu,. grassava naqueles tempos grandissimamente entre os portugueses, pela veneração que de todos granjeava.

Nariz cavalgado por um, par de cangalhas, no dizer do malicioso francês, por força que era um nariz sábio, credor do maior respeito, torre de ciência e promontório de prodigioso engenho. Ora, a probóscide do bacharel, se tais epítetos não existissem, os inventaria.

— Não ignoram V.ces, meu tio e senhores parentes, como têm corrido os tempos na esperança traidora dum remédio que não chega e talvez nunca chegará, pois não é de hoje que estão no costume em Lisboa de nos esquecerem quando carecemos de defender nossa liberdade e pátria; mas havendo algum dote ou qualquer outro subsidio, sem falar das fintas ordinárias, então sim, é de ver quão prontos se lembram, e os rendimentos e termos amistosos com que o fazem.

— Tem carradas de razão, André de Figueiredo! disse o Sargento-Mor Bezerra.

— É tempo já que venhamos a uma congruência feliz para os negócios de Pernambuco, ameaçado de completa ruína pela soberba e aleivosia dos mercadores do Recife. E como o lembrar é para todos, enquanto que o avisar só cabe a poucos, e esses de muito conselho e experiência, pareceu-me comunicar-vos o que entendo sobre estas cousas, em que andam. empenhados nossos brios de pernambucanos, tão pisados nestes últimos tempos, e o respeito a uma pátria ilustre, que não havemos de consentir se torne feitoria de mascates.

— Qual é pois vosso alvitre, Capitão André de Figueiredo? disse o velho Cavalcanti já de todo derreado contra o espaldar. Dai-nos a saber; contanto que não seja algum partido extremo.

— Para o sujeitar ao voto do tio e de todos os senhores e parentes, que ministros melhores não podem ter os negócios de Pernambuco, o trouxe eu; e não é outro senão o de rompermos de uma vez em defesa da pátria e da liberdade pernambucana, intimando com antecedência ao governador esta resolução, para o caso de que prefira ele arrepiar do mau caminho e enxotar de ao redor de si a súcia dos mascates. E fio-vos eu, que em tendo a cousa por certa, ele o fará. Se porém persistir no seu erro, recambiemo-lo a Lisboa com um manifesto a El-Rei em o qual lhe exporemos nossos agravos e as razões maiores que nos levaram à forçosa necessidade de despedirmos desta terra o mau ministro que lhe pôs por governador. O manifesto, senhores e parentes, aqui o tenho já; fê-lo a rogo meu, nosso amigo, o licenciado Davi de Albuquerque.

Abriu então André de Figueiredo o rolo de papel que tinha fechado na mão esquerda enquanto falava; e mostrou em roda o manuscrito, do qual se preparava a dar leitura aos circunstantes.

Nesse momento o bacharel Uchoa, que ouvia ao capitão com um sentido grave e atento, enfrestou por cima das vidraças um olhar significativo a D. Lourença, e temperando ao de leve a garganta, propôs-se a dar seu voto:

— Senhores meus e respeitáveis parentes, aqui reunidos à sombra do venerável chefe de nossa família, disse o bacharel fazendo com a cabeça a vênia do costume ao capitão-mor, que já então se achava em perfeita diagonal. Ninguém que tenha meditado as cousas do governo, como elas merecem, desconhecerá a verdade de quanto expôs nosso primo, Capitão André de Figueiredo, e a urgência do mal que pede remédio pronto; pois se lhe tardamos com ele, é perder logo toda esperança de cura.

Foi este o exórdio da arenga que o bacharel trazia preparada para o caso. Pelo Cosme Borralho, que era da sua roda, tivera ele notícia e comunicação do manifesto encomendado por André de Figueiredo ao licenciado Davi de Albuquerque. Atinando desde logo com o pensamento do primo, e não lhe sofrendo a vaidade levasse outro nos conselhos da família as lampas que pretendia somente para si, tratou de pôr cobro ao que julgava uma usurpação.

Nesse propósito entendeu-se com D. Lourença, que era nos últimos tempos a alma viva do capitão-mor, seus olhos e seus ouvidos.

Soberba, imperiosa, rendia-se contudo a matrona pernambucana à admiração e encômios, de que a trazia constantemente incensada Filipe Uchoa, sem que entrasse nesse rendimento o mais remoto vislumbre de ternura. Tal encanto achava D. Lourença em sentir-se adulada pelo mancebo apontado como o grande luminar da família, que raríssimo era recusar-lhe sua condescendência.

Desta vez o caso parecia árduo, pois cifrava-se em induzir D. Lourença a contrariar um plano do próprio irmão, e o de mais estimação. Mas tão ao vivo lhe representou Uchoa os perigos com que o traço imprudente de André de Figueiredo ameaçava a ele primeiro, e a todos os seus, que nem hesitou a matrona, e tomou a seu cargo preparar o capitão-mor.

Depois do intróito, formalizara-se de novo o bacharel. Dando ao vulto mais outra camada de gravidade, começou a cortar o ar ante si com o impulso e retração do braço, como se preparasse um escoadouro à exuberância de sua palavra. Saiu então uma dessas arrancadas de eloqüência, nas quais se estão mostrando os puxos da memória para dar à luz as idéias, e o enfaixamento das pobres criaturinhas mal nascidas.

Serviu de tema ao bacharel a resenha dos acontecimentos, que se tinham sucedido desde a posse do Governador Sebastião de Castro; e isso com pormenores de fatigar e minudências fúteis que nada faziam ao caso; mas entendia lá para si o bacharel, que fazia prova de engenho profundo e investigador, catando semelhantes argueiros para soprá-los nos olhos dos outros.

— Tal é o estado a que chegaram as cousas em Pernambuco, e quanto mais grave, a não ser nossa prudência e moderação! Em tão grande estreiteza havemos de ficar indiferentes e entregar a pior azar a sorte nossa e da pátria? Por nenhum modo; carecemos de voltar o rosto, e empenhar quanto pode e vale a nobreza pernambucana para repor as cousas no seu assento e trazer a bom termo as diferenças que tamanho dano causam. Mas o meio de o alcançar?...

Nesse momento, à porta de entrada fronteira ao sofá, apareceu o vulto do Lisardo e cresceu pela casa adentro. Ao que se via, o poeta da família não estava nos seus eixos; alguma lhe acontecera que o trazia espantadiço. Avançava, não com sua habitual macieza, mas inteiriçado, aos trancos, à guisa de maninelo de papelão empurrado pela mão do titereiro.

Era este nem mais nem menos do que o garoto do Nuno, o qual levado da breca e decidido, fazia finca-pé metendo os braços aos ombros do Lisardo, e aos boléus introduzia em casa do capitão-mor o nosso rimador, apesar da visível repugnância que a este inspirava naquela noite o teto protetor e hospedeiro.

Desta sorte tangido pelo caixeiro, atravessou Lisardo a casa do sofá, e sumiu-se na casa do jantar, sem que as personagens reunidas em torno do capitão-mor fizessem grande reparo no incidente.

A todo momento estavam entrando as pessoas de trato e conversação da casa, e o Lisardo era bem conhecido a título de comensal e trovista. Quanto ao Nuno, agachado por detrás do camarada, não se lhe via do sofá nem mesmo as pernas a mover-se por baixo do gibão do outro.

Esgotada, portanto, a pausa que o bacharel com jeito colocara diante de sua interrogação para avultar-lhe a força e o peso, prosseguiu na sua oração:

— "Quomodo?... Por que modo, ou por que modos? Somos entrados no labirinto mais intrincado das consciências que são os modos, os traços, as artes, as invenções de negociar, de intrometer, de insinuar, de persuadir, de negar, de anular, de provar, de desviar, de encontrar, de preferir, de prevalecer; finalmente de conseguir para si, ou alcançar para outrem tudo quanto deixamos dito."

São do nosso Padre Antônio Vieira tão discretas palavras, em que muito se pode aprender para o nosso caso. Se afrontarmos com as armas a D. Sebastião, carregamos com todas as culpas, porque em suma é governador desta terra, nela posto por El-Rei, Nosso Senhor, como seu capitão-general; e é bem de ver que na pessoa dele desacatamos a majestade que o elegeu.

— Em tal caso cruzemos os braços, e entreguemos duma vez o pescoço à canga dos mascates, interrompeu André de Figueiredo.

Filipe Uchoa sorriu:

— Aqui é que se há mister todo o artifício e sutileza de engenho com que estes modos se fiam e estas negociações se tecem. Já não temos que esperar senão de nossas armas, e força é que venhamos às mãos? E note-se que não o afirmo eu, senão que apenas o concedo por suposição. Pois ainda nesse caso extremo, achemos traça de sermos nós os provocados; de sorte que antes pareça que fomos coagidos da dura necessidade de defender nossa vida e liberdade, do que levados de animosidade contra o governador. Este é o meu voto; e assim tenha eu a fortuna de o ver aceito, que não me pouparei a pô-lo logo por obra, de sorte que saiamos quanto antes de tão difícil conjuntura.

Terminada a arenga do bacharel, D Lourença que se debruçara como para melhor ouvir, mas principalmente com o fim de esconder o vulto do capitão-mor, disfarçadamente acordou-o puxando-o pela barba pois já ressonava. Desperto, o velho ergue a cabeça para dizer com voz trôpega:

— Bem falado, Filipe Uchoa. É o que temos de melhor a fazer.

Depois desta aprovação, se alguém pretendia opor-se com outras razões ao alvitre do bacharel, desistiu do propósito A última palavra acabava de ser proferida; e o conselho de família estava encerrado por aquela noite.

Ergueram-se todos da mesa já despida e espalharam-se pela casa, enquanto D. Lourença corria os reposteiros de sarja vermelha, que cerravam o sofá, transformando-o em pequena recâmera, onde costumava o capitão-mor dormir o primeiro sono.

Nessa ocasião ouviu-se grande rebuliço na casa de jantar.