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Horto (1910)/Fefa

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A D. Ignez Maria de Almeida

Engraçada e pequenina
Eu imagino-a tão leve
Como uma doce bonina,
Uma açucena de neve.

No rosto, claro e risonho,
Guarda a brancura de um véu;
Traz à mente um casto sonho,
Um sonho vindo do Céu.

Chamam-n’a Fefa. É tão bela
Como um sorriso sem fim,
Mimosa como uma estrela
E pura como um jasmim...

O nome não lhe vai bem,
Outro melhor lhe cabia:
Àquela nívea cessem
Deviam chamar Maria.


Parece do Céu. É linda
Como um menino Jesus:
Não fala direito ainda
Mas beija sorrindo a Cruz.

Às vezes, junta as mãozinhas
E finge que vai rezar...
Eu penso nas andorinhas:
Quando se põe a rezar
O lábio das criancinhas
É um’asa a palpitar.


Meu Deus! quanta luz se encerra
D’aquela vida no albor...
Protege, Jesus, na terra,
O seio branco da flor.

A alma que tu lhe deste
Guarda-a, Senhor, do martírio:
Derrama o orvalho celeste
No coração d’este lírio!

Serra da Raiz, - Fevereiro de 1898.