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Horto (1910)/Soneto

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SONETO


Tudo o que é puro, santo e resplendente,
N’este mundo cruel de desenganos,
Toda a ventura dos primeiros annos
N’um’alma que desbrocha sorridente;

Tudo o que ainda vemos de potente
Na vastidão sem fim dos oceanos,
E da terra nos prantos soberanos
Trazidos pela aurora refulgente;

Tudo o que desce do infinito ousado:
O sol, a brisa, o orvalho prateado,
A luz do amor, do bem, das esperanças;

Tudo afinal que vem do Céo doirado
A despertar o coração maguado,
— Deus encerrou nos olhos das creanças!

Macahyba — 1893.