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Lágrimas Abençoadas/II/XIII

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Do abalo á conversão vae um grande espaço, eriçado de espinhos, que, primeiro, medram nas lagrimas, e, no fim, se transformam em flores.

Amar a virtude não é esposa'-la. Rainha de dois mundos, com formosura immortal, a sua posse custa muitos sacrificios. No estrado do seu throno, pisam-se as paixões do mundo. Os labios, que a saudam, devem ter sido abrazados pela oração contricta.

Os olhos que a contemplam, devem ter sido manancial de lagrimas purificadoras das maculas hediondas do vicio.

Mas ha muito que soffrer desde o amor á posse.

Alvaro da Silveira enamorou-se do anjo do bem, que lhe transluzira de entre a nuvem com que o ministro de Deus lhe escondia um novo mundo. Agitára-se-lhe o sangue no coração, e, no scepticismo, a esperança, que é a vida do espirito. Sentia-se com mais vida, mais alentos e idéas novas. Aprendera a pensar. Mas o pensamento é o gerador das convicções; e as convicções são absolutamente um dom exclusivo da verdade; e a verdade é a perpetua conversação de Deus com o homem. Para Alvaro existia DEUS!