Lembra-te a ingenua moça, imagem da poesia
... land of dreams.
... land of song.
Longfellow.
Lembra-te a ingenua moça, imagem da poesia,
Que a André Roswein amou, e que implorava um dia,
Gomo infallivel cura á sua mágoa estranha,
Uma simples jornada ás terras da Allemanha
O poeta é assim: tem, para a dôr e o tedio.
Um refugio tranquillo, um suave remedio
És tu, casta poesia, ó terra pura e santa!
Quando a alma padece, a lyra exhorta e canta;
E a musa que, sorrindo, os seus balsamos verte,
Cada lagrima nossa em perola converte.
Longe d'aquelle asylo, o espirito se abate;
A existencia parece um frivolo combate,
Um eterno anciar por bens que o tempo leva,
Flôr que resvala ao mar, luz que se esvai na treva,
Pelejas sem ardor, victorias sem conquista!
Mas, quando o nosso olhar os páramos avista,
Onde o peito respira o ar sereno e agreste,
Tansforma-se o viver. Então, á voz celeste,
Acalma-se a tristeza; a dôr se abranda e cala;
Canta a alma e suspira; o amor vem resgatal-a;
O amor, gotta de luz do olhar de Deos cahida,
Rosa branca do céo, perfume, alento, vida.
Palpita o coração já crente, já desperto;
Povôa-se n'um dia o que era agro deserto;
Falia dentro de nós uma boca invisivel;
Esquece-se o real e palpa-se o impossivel.
A outra terra era má, o meu paiz é este;
Este o meu céo azul.
Se um dia padeceste
Aquella dôr profunda, aquelle anciar sem termo
Que leva o tedio e a morte ao coração enfermo;
Se queres mão que enxugue as lagrimas austeras,
Se te apraz ir viver de eternas primaveras,
O' alma de poeta, ó alma de harmonia,
Volve ás terras da musa, ás terras da poesia!
Tens, para atravessar a azul immensidade,
Duas azas do céo: a esperança e a saudade,
Uma vem do passado, outra cahe do futuro;
Com ellas vôa a alma e paira no ether puro,
Com ellas vai curar a sua mágoa estranha.
A terra da poesia é a nossa Allemanha.