Livro da ensinança de bem cavalgar toda sella/Capitulo IIII-III
como per deseio alguũs som sem receo.
Per deseio som alguũs em seus feitos sem receo, como todos bem conhecemos. E dizẽ porem que nõ parece cousa forte, aquem muyto deseia E tanto he elaramẽte conhecido seer assy, que bem scusado seria mais sobrello screuer. Mes por cõtynuar como tenho comechado,
serevo oque aprendi, q̃ todo quanto per uõotãde fazemos he por acalçar huã destas quatro fijs. de folgãça, de proueito, dhõrra, eonesta Edizem que se faz alguã cousa por desejo de honesta fym, quandonos praz dea fazer por amor dalguã uirtude symprezmẽte, nom auendo pryncipal tẽçom aoutro proueito, hõrra, ou prazer, q̃ se delle seguyr possa Mes sollamẽte por sabermos que he bem, ofazemos sem auer sperãça , por tẽçom principal agallardom. que dele se spere. Edizẽ entẽçom principal ẽ esta guisa. Se huũ senhor faz mercee aos seus por fazer oque he theudo sem sperãça firme doutro proueito q̃ dello ẽtenda receber Eaalẽ desta entẽçom per q̃ o faz principalmẽte, conhece porẽ que sera por ofazer mais amado, e melhor seruydo Mes posto q̃ todo assy conheça, oprincipal mouedor do coraçom sẽte q̃ he aquel deseio, deo fazer por conhecer q̃ he bem; tal como esta se chama principal entẽçõ. E quando alguã cousa se fsz cõ tal deseio, dizẽ se faz por fym nonesta. Eper estes deseios todos quatro , desejamos todallas cousas, huã dellas aboa tẽçom, e outras acontrairo E alguãs ahuã symprez q̃ nom he pecado nẽ mercee E de qual quer destas certo he q̃ sẽpre ogrande deseio ajuda muyto tirar orreceo Esse per deseio de gaãço os marynheiros nom receã os perigoos do mar, e os públicos ladroões ajustiça, quẽ duuydara q̃ se alguẽ grande deseio ouuer de bem saber caualgar, que aquella uoõtade lhe nõ faça perder orreceo de cayr da besta, ou cõ ella em tal guisa q̃ toruar onõ possa pera boo caualgador leixar desseer.