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Lucíola/XIX

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Talvez não se lembre de um Jacinto, cujo nome, então desconhecido para mim, ouvira uma vez da boca de Lúcia.

Era um homem de 45 anos; feição comum e espírito medíocre. Encontrava-o agora todos os dias em casa de Lúcia; e desde a primeira vez antipatizara com a sua enjoativa figura.

— Quem é este senhor? perguntei a Lúcia.

Ela perturbou-se.

— É um sujeito que costuma tratar dos meus negócios.

— Que importantes negócios são os teus que eu não me possa incumbir deles ?

— Compras... Não tenho outros. Para que incomodá-lo com isso?

— Também sou ciumento: não desejo que ocupes outra pessoa além de mim.

— Esse homem é quase um criado.

A palavra produziu o seu efeito; desde que o Jacinto desceu ao mister de homem assalariado, não fiz mais reparo na sua assiduidade. Quase sempre o encontrava na escada interior, descendo quando eu subia; dava-lhe tanta atenção como ao carroceiro que enchia as talhas d'água, ou ao cozinheiro que saía a compras.

Tínhamos partido de São Domingos na véspera às oito horas da noite; às onze deixara Lúcia em sua casa, desculpando-me de não ir vê-la no dia seguinte de manhã, por causa de algumas visitas de rigor.

— Sucedeu porém que, voltando de uma dessas visitas, o cocheiro do tílburi passasse pela porta de Lúcia. Não pude resistir ao desejo de vê-la, apertarlhe a mão e saber como havia passado a noite. Cheguei à sala de jantar sem encontrar viva alma; supondo achar Lúcia na sala, dirigi-me para ali, pelo corredor particular. Abafei os passos, para surpreendê-la.

O surpreendido foi eu, ouvindo vozes na alcova, onde tanto havia, já ninguém entrava. Enfiei o olhar pela fresta que deixava a sanefa de tafetá na porta envidraçada; e o que vi me fez empalidecer. A pessoa que estava com Lúcia era o Jacinto; ela abanava a cabeça; ele sorria com um ar de estúpida satisfação, e abria lentamente uma nojenta carteira de couro da Rússia.

Corri o aposento com uma vista rápida e ansiada: o leito estava desfeito e os móveis em desordem. O Sr. Jacinto tirara da carteira um maço de bilhetes do banco, que Lúcia escondera no seio com um expressivo gesto de contentamento. Não havia dúvida possível; as provas da infâmia eram evidentes; e para cúmulo do cinismo, o preço depois de regateado fora pago à vista. Uma parede que desabasse não me atordoaria como aquela cena a que eu acabava de assistir. Não sei quanto tempo fiquei ali, atirado contra a porta, sem sentidos nem espírito, somente com a consciência de uma imensa dor. Quando voltei a mim, a alcova estava deserta; o Jacinto tinha partido, e Lúcia cosia no toucador, cantando a meia voz. Hesitei se devia fugir para nunca mais ver semelhante monstro de mulher, ou se ficaria para lançar-lhe em rosto a sua ignomínia.

Conhecendo o meu passo, ela jogou de si a costura, e precipitou-se para mim; trazia o sorriso orvalhado de carícias, o olhar cheio de candura.

— Infame!

A indignação e o desespero que fermentavam no meu seio borbotaram nessa única palavra, grito e soluço de uma angústia cruel. Lúcia tornou-se lívida; vacilou. Com um supremo esforço dominando a vertigem que a tomava, cobriu-me com um olhar frio, cheio de tanta dignidade e altivez, que me colou imóvel sobre o chão. Assim pasmo e quedo, vi-a atravessar com lentidão a sala e desaparecer detrás de uma porta, que se fechou surdamente. Pareceu-me ouvir selar a lousa do túmulo, onde eu acabasse de sepultar uma porção de minha alma.

Lancei-me pelas ruas desatinado. As quatro horas da tarde ainda eu vagava sem destino.

O Sá passava no seu tílburi; viu-me e parou:

— Que milagre é este: ressuscitaste!

— Não me fales nisso!

— Ah! estás apenas em convalescença; mas desta vez incumbo-me de curar-te, para que não tenhas nova recaída.

— Asseguro-te que não há mais perigo.

— Se não me engano, ainda não jantaste.

— Nem quero.

— Vem jantar comigo; entrarás imediatamente no regime higiênico que pretendo receitar-te.

Tomou as rédeas do cocheiro, que seguiu a pé, e ofereceu-me um lugar no tílburi.

Mais tarde Sá interrogou-me sobre o que se tinha passado; porém recusei constantemente satisfazer a sua curiosidade. Para que ele compreendesse o meu sofrimento, fora mister contar-lhe as minhas relações intimas com Lúcia; e era esse mistério que invencível pudor d'alma não me deixava expor a outros olhos, fossem eles de um amigo.

Achei-me num estado de apatia moral; tinha medo da iniciativa, porque vagamente pressentia que ela me arrastaria de novo à casa de Lúcia, quando não fosse senão para ter o agro prazer de insultá-la com o meu desprezo. Nessa situação era natural que Sá não encontrasse a menor resistência no que ele chamava o regime higiênico da minha paixão.

Durante três dias corremos os arrabaldes da cidade.

Passávamos uma tarde a cavalo por Santa Teresa na direção da Caixa d'Água, quando vimos parado defronte de uma pequena casa, reparada de novo, o Jacinto. Esse homem me atraía, pelo ímã irresistível de Lúcia; e entretanto eu o detestava.

— Pertence-lhe esta casa, Sr. Jacinto? disse-lhe Sá respondendo à cortesia.

— Não, senhor. Pertence a uma pessoa do seu conhecimento, a Lúcia.

— Como! Lúcia vem morar numa casa térrea e de duas janelas ? Não é possível.

— Também eu não acreditei quando ela me falou nisso! Cuidei que estava brincando; porém é negócio sério.

— Então comprou esta casa?

— E mandou prepará-la. Já está mobiliada e pronta. Devia mudar-se hoje; não sei que transtorno houve. Ficou para a semana!

— Está bem! São luxos de passar o verão no campo! Não lhe dou um mês que não esteja arrependida, e não volte para a sua casa da cidade.

— Para essa, há de ser difícil, disse o Jacinto com um sorriso.

— Por que razão?

— Vendeu-me o arrendamento e toda a mobília.

— Que diz!

— Na quinta-feira fechamos o negócio. Dei-lhe um conto de réis de sinal. Porém o mais interessante é que mandou fazer leilão de tudo quanto possuía, inclusive jóias e roupa.

— Terá ela caído na miséria?

— Qual! Tem perto dos seus cinqüenta contos e quer gozar da vida tranqüilamente. Doidice; podia fazer uma fortuna, e ajudar os outros.

O Jacinto cumprimentou e desceu a ladeira. A conversa que acabava de ouvir me tinha completamente perturbado; enquanto Sá aproximava-se do portão para examinar o jardim, ficara eu imóvel e perplexo. Por fim, impelido por uma força superior, segui precipitadamente o homem que levava consigo o sossego e tranqüilidade do meu espírito.

Alcancei-o junto aos arcos. Procurei o pretexto do aluguel da casa em que Lúcia morara, e obtive a narração minuciosa do que se passara. Aquela desordem do leito não fora outra coisa mais que o exame de um comprador de trastes, que antes de fechar o negócio deseja conhecer o estado da mercadoria.

Corri à casa de Lúcia.

— Sofri muito, ainda sofro; mas sinto a necessidade de perdoar, disse-me ela grave e melancólica.

Nem um transporte de alegria, nem um sobressalto de surpresa por ver-me chegar arrependido e suplicante. Recebeu-me com uma serena placidez e um olhar de meiga exprobração:

— Não é generoso ofender a quem não sabe e não pode repelir a ofensa.

Era estranha para mim a expressão de calma e serena dignidade que se difundia pelo seu rosto e por toda a sua pessoa; alguma vez já vira passar-lhe na fronte um reflexo de nobre altivez, mas de relance, como a eletricidade que lambe a face da nuvem. Naquele momento porém a luz irradiava de um foco íntimo; e na feição, como na atitude de Lúcia, aparecia profundamente impresso o pudor de uma alma ressentida.

Pela primeira vez a mulher submissa, que temia ofender-me, mostrando-se ofendida de minhas injustiças, conservava contra mim uma queixa, e assumia o direito de perdoar. Admirando, aceitava todas as gradações por que passara a sua existência depois que nos conhecíamos.

— Duvidou de mim! disse Lúcia fitando-me com os seus grandes olhos límpidos.

Ia balbuciar uma desculpa; ela atalhou-me.

— Não! A mulher de quem duvidou já não existe, morreu! É uma história bem triste! Ouça!

Lúcia ficou um momento absorvida nas suas recordações; afinal chegando um banquinho de tapete, sentou-se aos meus pés:

— Deixamos São Domingos para vir morar na corte; tinham dado a meu pai um emprego nas obras públicas. Vivemos dois anos ainda bem felizes. À noite toda a família se reunia na sala; eu dava a minha lição de francês a meu mano mais velho, ou a lição de piano com minha tia. Depois passávamos o serão ouvindo meu pai ler ou contar alguma história. Às nove horas ele fechava o livro, e minha mãe dizia: «Maria da Glória, teu pai quer cear». Levantava-me então para deitar a toalha.

— Maria da Glória !

— É meu nome. Foi Nossa Senhora, minha madrinha, quem mo deu. Nasci a 15 de agosto. Por isso todos os anos vou levar-lhe um trabalho de minhas mãos, e pedir-lhe que me perdoe. Outrora pedia-lhe que me fizesse feliz; toda a minha família me acompanhava; agora vou só e escondida.

— E que é feito de tua família?

— Lembra-se da febre amarela em 1850?

— Não estava aqui.

— Verdade! Foi um ano terrível. Meu pai, minha mãe, meus manos, todos caíram doentes: só havia em pé minha tia e eu. Uma vizinha que viera acudir-nos, adoecera à noite e não amanheceu. Ninguém mais se animou a fazer-nos companhia. Estávamos na penúria; algum dinheiro que nos tinham emprestado mal chegara para a botica. O médico, que nos fazia a esmola de tratar, dera uma queda de cavalo e estava mal. Para cúmulo de desespero, minha tia uma manhã não se pôde erguer da cama; estava também com a febre. Fiquei só! Uma menina de 14 anos para tratar de seis doentes graves, e achar recursos onde os não havia. Não sei como não enlouqueci.

Lúcia apertou a cabeça com as mãos, como se ainda temera que a razão lhe fugisse.

— Tudo quanto era possível, meu Deus, sinto que o fiz. Já não dormia; sustentava-me com uma xícara de café. Nalgum momento de repouso ia à porta e pedia aos que passavam. Pedia para meu pai enfermo, e para minha mãe moribunda, não tinha vexame. Uma tarde perdi a coragem; meu irmão estava na agonia, minha mãe despedira-se de mim, e Ana, minha irmãzinha, que eu tinha criado e amava como minha filha, já não dava acordo de si. Passou um vizinho. Falei-lhe; ele me consolou e disse-me que o acompanhasse à sua casa. A inocência e a dor me cegavam: acompanhei-o.

Lúcia fez um esforço para continuar:

— Esse homem era o Couto...

— Ah!

— Ele tirou do bolso algumas moedas de ouro, sobre as quais me precipitei, pedindo-lhe de joelhos que mas desse para salvar minha mãe; mas senti os seus lábios que me tocavam, e fugi. Oh! Não posso contar-lhe que lata foi a minha: três vezes corri espavorida até à casa, e diante daquela agonia sentia renascer a coragem, e voltava. Não sabia o que queria esse homem; ignorava então o que é a honra e a virtude da mulher

o que se revoltava em mim era o pudor ofendido. Desde que os meus véus se despedaçaram, cuidei que morria; não senti nada mais, nada, senão o contato frio das moedas de ouro que eu cerrava na minha mão crispado. O meu pensamento estava junto do leito de dor, onde gemia tudo o que eu amava neste mundo.

Lúcia escondeu o rosto nos meus joelhos e emudeceu. Quando levantou a fronte, implorava com as mãos juntas e o olhar súplice. O quê? O perdão de sua primeira falta?

Não sei. Faltaram-me as palavras para consolar dor tão profunda: beijei Lúcia na face.

— Obrigada! exclamou ela; obrigada! Alguma coisa me diz que mereço este consolo. Terei forças para concluir. O dinheiro ganho com a minha vergonha salvou a vida de meu pai e trouxe-nos um raio de esperança. Quase que não me lembrava do que se tinha passado entre mim e aquele homem; a consciência de me ter sacrificado por aqueles que eu adorava, fazia-me forte. Demais, um esquecimento profundo, só explicável pela alheação completa do espírito, ocultava-me a triste verdade. Devia compreendê-la, e de que modo, ó meu Deus!

Como impelida por um choque elétrico, Lúcia ergueu-se galvanizada por súbita e violenta recordação.

— Ainda vejo! As melhoras foram aparentes! Meus dois irmãos acabavam de expirar, minha tia entrava na agonia, minha mãe tivera um novo acesso. Felizmente já meu pai estava em convalescença, e saiu para tratar do enterro. Ele não tinha dinheiro, apresentei-lhe as últimas moedas de ouro que me restavam. «Quem te deu este dinheiro?. . . Roubaste?. . .» Contei-lhe tudo; tudo que eu sabia na minha inocência. Ele compreendeu o resto. Expulsou-me!

— A ti que lhe salvaste a vida?

— Meu pai julgava que eu tinha um amante e iria viver com ele! A não ser assim, exporia sua filha a morrer de fome? Saí de casa. O único ente que me sorriu e me abraçou por despedida foi o anjinho que Deus me dera por irmã e conforto. Sentei-me na calçada. Era bastante tarde já, quando uma mulher que se recolhia me perguntou o que fazia ali àquelas horas. «Perdi meu pai e minha mãe, respondi, não tenho onde viver». Jesuína... Era ela... levou-me consigo. Não me esqueci dos meus. A forca de rogos e instâncias Jesuína mandava constantemente à casa saber notícias e levar os socorros necessários: nada faltou, nem médico, nem enfermeiros. A paz voltou enfim; e eu tive o supremo alívio de comprar com a minha desgraça a vida de meus pais e de minha irmã. Jesuína, o senhor adivinha o que foi ela, tinha posto um preço aos seus serviços; não sei se a primeira humilhação custou mais do que a segunda; mas o sacrifício devia se consumar, porque não tive mão que me amparasse. A minha felicidade estava destruída; cuidei que não havia maior infâmia do que a minha. Resolvi viver para tranqüilidade e ventura de uma família inocente da minha culpa Quinze dias depois de expulsa por meu pai era. . . o que fui.

O sorriso pálido, que contraiu o rosto de Lúcia, parecia despedaçar-lhe a alma nos lábios:

— Sabe agora o segredo da cupidez e avareza de que me acusavam. Encontram-se no Rio de Janeiro homens como o Jacinto, que vivem da prostituição das mulheres pobres e da devassidão dos homens ricos; por intermédio dele vendia quanto me davam de algum valor. Todo esse dinheiro adquirido com a minha infâmia era destinado a socorrer meu pai, e a fazer um dote para Ana. Jesuína continuava a servir-me. Minha família vivia tranqüila, e seria feliz se a lembrança do meu erro não a perseguisse. Nisto uma moça quase de minha idade veio morar comigo; a semelhança de nossos destinos fez-nos amigas; porém Deus quis que eu carregasse só a minha cruz. Lúcia morreu tísica; quando veio o médico passar o atestado, troquei os nossos nomes. Meu pai leu no jornal o óbito de sua filha; e muitas vezes o encontrei junto dessa sepultura onde ele ia rezar por mim, e eu pela única amiga que tive neste mundo.

Morri pois para o mundo e para minha família. Foi então que aceitei agradecida o oferecimento que me fizeram de levar-me à Europa. Um ano de ausência devia quebrar os últimos laços que me prendiam. Meus pais choravam sua filha morta; mas já não se envergonhavam de sua filha prostituída. Eles tinham me perdoado. Quando voltei, só restava de minha família uma irmã, Ana, meu anjo da guarda. Está num colégio educando-se.

Eis a minha vida. O que se passava em mim é difícil de compreender, e mais difícil de confessar. Eu tinha-me vendido a todos os caprichos e extravagâncias; deixara-me arrastar ao mais profundo abismo da depravação; contudo, quando entrava em mim, na solidão de minha vida íntima, sentia que eu não era uma cortesã como aquelas que me cercavam. Os homens que se chamavam meus amantes valiam menos para mim do que um animal; às vezes tinha-lhes asco e nojo. Ficaram gravados no meu coração certos germes de virtude. . . Essa palavra é uma profanação nos meus lábios, mas não sei outra. Havia no meu coração germes de virtude, que eu não podia arrancar, e que ainda nos excessos do vício não me deixavam cometer uma ação vil. Vendia-me, mas francamente e de boa-fé; aceitava a prodigalidade do rico; nunca a ruína e a miséria de uma família.

Aquele esquecimento profundo, aquela alheação absoluta do espírito, que eu sentira da primeira vez, continuou sempre. Era a tal ponto que depois não me lembrava de coisa alguma; fazia-se como que uma interrupção, um vácuo na minha vida. No momento em que uma palavra me chamava ao meu papel, insensivelmente, pela força do hábito, eu me esquivava, separava-me de mim mesma, e fugia deixando no meu lugar outra mulher, a cortesã sem pudor e sem consciência, que eu desprezava, como uma coisa sórdida e abjeta.

Mas horrível era quando nos braços de um homem este corpo sem alma despertava pelos sentidos. Oh! Ninguém pode imaginar! Queria resistir e não podia! Queria matar-me trucidando a carne rebelde! Tinha instintos de fera! Era uma raiva e desespero, que me davam ímpetos de estrangular o meu algoz. Passado esse suplício restava uma vaga sensação de dor e um rancor profundo pelo ente miserável que me arrancara o prazer das entranhas convulsas!

Comovida e lacrimosa, ela atirou-se ao meu peito, e enlaçou-me com os braços trêmulos:

— Perdão! Houve um momento bem rápido em que o odiei também! Como sofri, meu Deus! Devia resgatar essa dor a felicidade que pela dor havia perdido!

Lúcia concluindo essa narração, que a fatigara em extremo, enxugou as lágrimas e deu algumas voltas pela sala.

— Se eu ainda tivesse junto de mim todos os entes queridos que perdi, disse-me com lentidão, veria morrerem um a um diante de meus olhos, e não os salvaria por tal preço. Tive força para sacrificar-lhes outrora o meu corpo virgem; hoje depois de cinco anos de infâmia, sinto que não teria a coragem de profanar a castidade de minha alma. Não sei o que sou, sei que começo a viver, que ressuscitei agora. Ainda duvidará de mim?

— Tu és um anjo, minha Lúcia!