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Marília de Dirceu/II/VI

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De que te queixas,
Língua importuna?
De que a Fortuna
Roubar-te queira
O que te deu?
Este foi sempre
O gênio seu.

Levou, Marília,
A ímpia sorte
Catões à morte;
Nem sepultura
Lhes concedeu.
Este foi sempre
O gênio seu.

A outros muitos,
Que vis nasceram,
Nem mereceram,
A grandes tronos
A ímpia ergueu.
Este foi sempre
O gênio seu.

Espalha a Cega
Sobre os humanos
Os bens, e os danos,
E a quem se devam
Nunca escolheu.
Este foi sempre
O gênio seu.

A quanto é justo
Jamais se dobra;
Nem igual obra
C'os mesmos Deuses
Do claro Céu.
Este foi sempre
O gênio seu.

Sobe, ao Céu, Vênus
Num carro ufano;
E cai Vulcano
Da pura esfera,
Em que nasceu.
Este foi sempre
O gênio seu.

Mas não me rouba,
Bem que se mude,
Honra, e virtude:
Que o mais é dela,
Mas isto é meu.
Este foi sempre
O gênio seu.