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Memórias de um pobre diabo/Primeira Parte - Capítulo 9

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— Perguntava pelo vizinho.

— Apre! diz o Sr. Onofre, já não se póde em dias de hoje comer farinha... cára como o assucar... Como vai o rapazete? (continua, dirigindo-me a palavra).

Não me pude conter. Tudo quanto quizesse, menos rapazete diante da mulher.

— Sr. Onofre, investi, veja como falla!... Rapazete foi o senhor quando tinha 16 annos; eu aos 16 annos não sou rapazete, sou um homem de muito talento e escriptor de boa nota e como tal reconhecido pelo Camarão e pelo Lagarto, fique sabendo, se não sabe lêr. Se o senhor me chama rapazete porque não tenho barbas, saiba que não faço caso de cabellos, desses distinctivos do toucinho ordinario, e que não tenho barbas porque não as quero ter. E de mais, assim como ha mulheres as quaes não sendo do genero masculino têm barbas, de igual modo, ha homens os quaes não sendo do genero feminino não as têm...

Os circumstantes pasmaram.

De relance, pensei que meu tio gostara da resposta, quando... zás... atira-me uma tapona, verdadeira tapona, tapona com todos os ff e rr e mais esta addenda:

— Leve, malcriado, para môlho do Camarão mais do seu Lagarto.