Memórias de um pobre diabo/Segunda Parte - Capítulo 13
Ao outro dia recebi o Sr. Gusmão entre os braços.
—Entre, meu amigo, assente-se e conversemos. Ainda aqui está o charuto de Havana, aceite-o.
—Obrigado, mas não aceito, insistio o homem. Penso diversamente dos outros; o que não posso sustentar todos os dias, não alardeio uma vez. Demais, habituado a fumar charutos de vintem, sabem-me a pessimos os de tostão para cima.
—Respeito o seu modo de pensar. Dou-lhe parte que suspendo a publicação das minhas obras.
—Então tomou a peito a opinião de um typographo?
—E o typographo não póde ter opinião aceitavel, não póde saber grammatica?
—Que opinião póde ter o homem, que anda de ventanilha? Lá quanto a grammatica devia saber. Onde me vê, com o pouco que entendo della, tenho salvo a reputação futura de muitos escriptores, aliás intelligencias brilhantes, emendando-lhes, quando componho seus originaes, erros de tirar couro e cabello...
—Ora, Sr. Gusmão, porque não emendou os meus?
—O senhor desejava um volume de trezentas paginas e se eu corrigisse os seus descuidos não ficava o livro com cem....
Apre! tambem esta foi de tirar couro e cabello!